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Ministro britânico apoia entrada do Brasil em conselho da ONU

 O ministro das Forças Armadas do Reino Unido, Bill Rammell, reafirmou, no Rio de Janeiro, o apoio da Grã-Bretanha ao Brasil na tentativa de garantir um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Durante palestra realizada nesta sexta-feira (4) na Universidade Cândido Mendes, o ministro deu um aval importante à ampliação do conselho, que conta atualmente com 15 membros. Com o apoio declarado em outras ocasiões do Reino Unido, da França e da Rússia, o Brasil agora tem três dos cinco membros permanentes favoráveis à reforma.

O apoio do ministro foi uma forma de reconhecimento internacional das estratégias militares brasileiras usadas em operações de conflito. "É um orgulho ter o Brasil como amigo. Temos consciência do bom trabalho que os soldados brasileiros estão fazendo no Haiti, buscando uma maior proximidade da população", disse o ministro, que defendeu a participação de tropas militares internamente. "Exatamente o mesmo objetivo que temos no Afeganistão."

Pela manhã, no Centro de Instrução de Operações de Paz, o ministro conheceu mais de perto o tipo de treinamento que os militares brasileiros recebem para participar das operações nas favelas e mostrou que é favorável ao estilo de "poder brando" adotado pelo Exército.

Ainda sem previsões otimistas para retirada das tropas britânicas do Afeganistão, ele agora é obrigado a reformular a estratégia de guerra que vinha adotando e a aumentar o suprimento de armas.

"Os talibãs estão adotando um estilo de guerra sujo, totalmente assimétrico. Eles chegaram à conclusão que os conflitos com a colisão não estavam dando certo e passaram a usar muitos explosivos", explicou o ministro. "Essa foi a principal razão das baixas entre as nossas tropas."

O mês de agosto foi considerado o mais violento dos oito anos de guerra. Os Estados Unidos perderam quase 50 homens. Perguntado durante o encontro se acreditava que essas mortes teriam tido influência na queda de popularidade do presidente americano, Barack Obama, Ramell afirmou: "acho que Obama está adotando a estratégia correta. O eleitorado americano está mais preocupado com questões internas, como a saúde".

Esse tipo de situação, no entanto, não é nova. O envolvimento em guerras que geram mortes trouxe prejuízos eleitorais tanto para Inglaterra quanto para os Estados Unidos. Mostrando uma postura de compromisso internacional de lutar pela estabilidade no Afeganistão, o ministro tem se empenhado em dar satisfações constantes à população do Reino Unido.

"Diante do sacrifício de vidas, as pessoas são exigentes, fazem perguntas. Mas acho que quando enfrentamos críticas, tanto o Obama quanto o meu governo, não levam em conta as dificuldades que estamos enfrentando lá", disse Rammell. "Temos de convencer as pessoas de que se não estivéssemos lá seria muito pior."

O ministro demostrou estar realmente preocupado em garantir que o Afeganistão possa sobreviver sem as tropas. "A guerra não é contra o terrorismo. Não tem a ver com território ou com a segurança nacional britânica", disse. "Temos que dividir os insurgentes e permitir que a governança afegã se estabeleça."

Informado sobre as pesquisas de opinião que apontam para reeleição do atual presidente, Hamid Karzai, o ministro torce para que elas sejam verdadeiras, mas acha que seja qual for o candidato eleito terá como missão a reintegração dos talibãs dispostos a respeitar a constituição e a largar o terrorismo.

"Vamos precisar da capacidade civil e, também, dos militares afegãos assumindo o policiamento e garantindo a segurança do país. Já houve uma dimuição no cultivo da papoula e houve um impacto no tráfico mundial de drogas", disse o ministro, que não acredita que vá acabar com o terrorismo, mas sim, ganhar a confiança das pessoas, diminuindo o terreno fértil para o surgimento de mais terroristas. "Estamos com 9 mil homens no Afeganistão. Nosso foco está todo lá."

Fonte: Terra