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O petróleo é vosso: o que diz a mídia hegemônica sobre o pré-sal

Incrível a cobertura da mídia hegemônica sobre o anúncio do presidente Lula das regras do pré-sal. O ex-genro de Fernando Henrique Cardoso, David Zilberstein, também conhecido como “o petróleo é vosso”, é o mais requisitado para criticar os projetos enviados ao Congresso que vão alterar o marco regulatório do petróleo.

Por Mário Augusto Jakobskind, no Direto da Redação

O Globo, O Estado de S. Paulo e a Folha de S.Paulo, entre outros, usam os mesmos argumentos de quando a Petrobras foi criada, ou seja, que o petróleo só poderia ser extraído por empresas multinacionais.

Zilberstein e os colunistas de sempre não se conformam com uma tomada de posição nacionalista do governo Lula. Eles querem que o Brasil volte ao tempo em que o PSDB e o PFL (hoje Democratas) entregavam as riquezas do país ao bel prazer. Foi a partir daí que cunharam o termo jurássico para os que denunciam o caráter subserviente dos defensores de uma política de favorecimento às multinacionais.

O tempo demonstrou que os editoriais de Roberto Marinho contra a política nacionalista de Getúlio Vargas não estavam com nada e eram escritos para favorecer os mesmos setores econômicos que hoje reclamam da “volta ao passado nacionalista” do governo Lula em relação ao pré-sal.

Não é à toa que, quando dirigia a Agência Nacional do Petróleo (ANP), em uma reunião com empresários estrangeiros do setor energético, Zilberstein virou-se para eles e disse: “o petróleo é vosso”. Não adianta desmentir porque há testemunhas e alguns jornais, como a Tribuna da Imprensa, chegaram a dar chamada de primeira página.

Atualmente, inconformados com o envio ao Congresso para num prazo de três meses, possivelmente prorrogáveis, discutir a matéria, o PSDB e o Demo já se posicionaram para obstruir a votação. É um exemplo típico de política menor, sem grandeza. Os políticos dos referidos partidos querem adiar por prazo indefinido a aprovação da matéria contando com a vitória de um candidato entreguista, possivelmente José Serra, para que as regras do pré-sal privilegiem os gigantes multinacionais do setor.

É tão óbvia essa estratégia déja vu, que depõe contra a imagem dos tais políticos. Perguntem ao príncipe sociólogo FHC se quando ele em 1997 quebrou o monopólio da Petrobras e tentava privatizar a empresa colocou o tema em discussão para a sociedade? Se não fosse a mobilização popular em defesa da estatal, FHC teria quebrado a Petrobras e entregue a empresa a grupos internacionais. Está no DNA da nova direita brasileira, tão bem representada pelo PSDB, a política de liquidação de estatais, entre as quais a Petrobras. E para fazer isso, o que menos importa para o tucanato é a discussão do tema pela sociedade.

A discussão é muito importante e não deve ficar restrita ao Congresso. Cabe a mídia promover debates para informar a opinião pública sobre o salto que o Brasil dará em poucos anos com as novas regras do jogo do pré-sal. Mas pelo que foi apresentado pela mídia hegemônica vai prevalecer a opinião pró multinacional do gênero Zilberstein/FHC.

Vale o registro da iniciativa da TV Cidade Livre, a TV Comunitária de Brasília, que decidiu criar um programa unicamente destinado a discutir a nova riqueza energética brasileira e o seu uso. O programa terá o nome de Urgente: o petróleo é nosso, em homenagem a uma das mais importantes campanhas cívicas que o povo brasileiro foi capaz de organizar na sua história, cujo resultado foi a criação da Petrobrás e do monopólio estatal do petróleo.

O anúncio dos quatro projetos do pré-sal, como afirmou o governador do Paraná Roberto Requião, foi o fato mais importante do governo Lula até agora. A discussão está de pé, querendo ou não a mídia hegemônica que dá pouco espaço aos defensores de que o petróleo seja destinado às melhorias das condições de vida de amplas parcelas da população brasileira.

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Em tempo. Enquanto continuam as discussões sobre a instalação de sete bases militares estadunidenses na Colômbia, o Pentágono já está se movimentando no sentido de criar outras bases militares, desta vez no Peru, mais precisamente na região de Ayacucho, a 575 quilômetros de Lima. O alerta foi feito pelo vice-presidente do Parlamento latino-americano, o venezuelano Carolus Wimmer. Confirmando-se mais esta jogada estratégica fica claro, se é que havia dúvidas, que os Estados Unidos querem mesmo é cercar as regiões da Meia Lua boliviana e a Amazônia brasileira.

Wimmer lembrou também que militares estadunidenses já estão presentes em Ayacucho, onde têm realizado as manobras intituladas “Novos Horizontes” em conjunto com as Forças Armadas peruanas. Como se não bastasse, os Estados Unidos contam também com uma base naval no porto de Iquitos, uma região amazônica estratégica no Norte do Peru.

E tudo isso acontece sob a complacência do Presidente Alan Garcia e silêncio quase total da mídia hegemônica.

* Mário Augusto Jakobskind é jornalista

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