Petrobras já tem plano para financiar os fornecedores
A Petrobras já trabalha em um modelo financeiro para auxiliar seus fornecedores na empreitada do pré-sal. Segundo seu diretor financeiro e de relações com investidores, Almir Barbassa, a companhia assumirá a iniciativa de facilitar a essas empresas o acesso a recursos.
Publicado 08/09/2009 13:18
Sem descartar o acesso dessas empresas a crédito bancário, a Petrobras quer intensificar a criação de Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC) e Fundos de Investimento em Participações (FIP), para que investidores possam aplicar tanto em dívidas como em ações dessas companhias.
O modelo de crédito já entra em uma nova etapa este mês. Barbassa informou ao Valor que, ainda em setembro, será lançado um novo modelo de FIDC de fornecedores da Petrobras com capital de até R$ 1 bilhão e, pela primeira vez, com uma diversificação extrema, para reduzir o risco dos investidores.
O FIDC tem como lastro os contratos entre a Petrobras e as empresas, em que a estatal promete pagamento futuro em troca dos bens. Os contratos envolvidos nesse novo fundo deverão ter um valor máximo de R$ 4 milhões, o que significa que, no menor valor previsto, de R$ 100 milhões, serão no mínimo 25 fornecedores a compor os recebíveis que rechearão o fundo. Até hoje, a Petrobras nunca teve tantas empresas num FIDC.
Para oferecer mais garantias a esses investidores que adquirirão cotas do FIDC, a Petrobras também terá cotas-sênior desse novo fundo, ou seja, se houver inadimplência, a estatal poderá absorvê-la sem prejuízo ao aplicador, dono de cotas subordinadas. Segundo Barbassa, já foi atribuído “investment grade” a esse fundo por agências de classificação de risco. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ainda não confirma o registro do novo FIDC.
Atualmente, a Petrobras possui 14 FIDCs, que envolvem investimentos anteriores à descoberta do pré-sal. Esses fundos de recebíveis têm capacidade financeira de até R$ 15 bilhões. No entanto, segundo Barbassa, incluindo a necessidade de recursos das empresas que vão fornecer ao pré-sal, haveria hoje demanda para até R$ 20 bilhões em novos FIDCs, que representam 4 mil contratos. “Há um ´pipeline´ grande à frente”, diz ele, em referência ao grande volume de projetos demandando investimentos.
Outra iniciativa da companhia será estimular a criação de novos FIPs, ou fundos de private equity, em que as empresas vendem parte de suas ações para se capitalizar. A Caixa atualmente possui um FIP destinado ao setor de petróleo e gás com volume de R$ 600 milhões e o BNDES acaba de receber propostas de investidores para montar outro fundo destinado ao setor entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão, com 20% desse montante aportado pela própria BNDESPar. “Mas há outras instituições trabalhando nessa meta (de montar FIPs para petróleo e gás)”, diz Barbassa.
Para o diretor da Petrobras, os investimentos no setor em private equity, em que as empresas ganham um sócio em vez de um credor, são importantes por implicar exigência de gestão mais profissional e transparente das companhias que fornecerão máquinas e equipamentos para o pré-sal. Na semana passada, ele e José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, estiveram em São Paulo em reunião com representantes da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), para, entre outros temas, tratar da necessidade de recursos por parte dessas empresas.
Barbassa diz que essas iniciativas têm relação com metas do “índice de nacionalização” das futuras plataformas, ou seja, quanto dos bens e serviços necessários para sua construção e operação virá do país. Segundo projeto de lei enviado ao Congresso pelo governo, um dos critérios que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) adotará para indicar o ritmo dos investimentos no pré-sal terá relação com a capacidade de a indústria nacional poder fornecer bens e serviços na exploração do pré-sal. Segundo Barbassa, há uma meta de manter o “índice de nacionalização” entre 60% e 65%, como nas últimas plataformas.
A informação é do Valor Econômico