Depoimento divulgado em CPI mostra que Yeda sabia de fraude

Nele, Lair afirma que foi a governadora Yeda Crusius que determinou a divisão da propina entre os beneficiários da fraude no Detran.

O empresário disse, ainda, que a troca da Fatec para a Fundae na prestação de serviços para o Detran foi arquitetada no gabinete de Yeda por Chico Fraga, com o conhecimento do ex-presidente da autarquia Flávio Vaz Netto, do ex-secretário Geral de Governo Delson Martini, da assessora especial Walna Villarins Meneses e do ex-marido de Yeda, Carlos Crusius. A mudança de prestadora de serviços, segundo ele, foi motivada por "grana".

O trecho lido pela presidente da CPI, deputada Stela Farias (PT) foi extraído de documentos recebidos da juíza federal Simone Barbisan Fortes na semana passada. Stela colocou a íntegra da ação e seus anexos à disposição dos parlamentares membros da Comissão.

Repúdio
Nenhum dos oito titulares e seus respectivos suplentes dos partidos que compõe a base do governo compareceu à reunião desta quinta-feira. No encontro da última segunda-feira, os parlamentares da base retiraram-se antes da ordem do dia, durante a qual seriam votados 11 requerimentos convocando depoentes. Carrion repudiou o que classificou como desrespeito à CPI e ao povo gaúcho. “Alegaram que precisavam de mais provas e agora que elas estão à disposição eles sequer comparecem às reuniões”, criticou.

Os deputados presentes definiram encaminhamentos para os trabalhos da comissão. Os parlamentares decidiram que irão convidar pessoas que se disponham voluntariamente a depor. As oitivas serão realizadas, mesmo que as reuniões tenham apenas um terço dos membros, ou seja, 4 deputados. Além de Lair Ferst, devem ser convidados os ex-presidentes do Detran Stela Maris Simon e Sérgio Buchmann e o vice-governador Paulo Feijó.

A próxima reunião da comissão está marcada para a próxima segunda-feira (14) a partir das 18h.

Confira o trecho do depoimento de Lair Ferst ao MPF feito em janeiro deste ano e lido por Stela Farias na CPI:
“…Sabia (a governadora) que eu era excluído e, na verdade, eu fui enganado também por ela. Porque ela me falou uma coisa e ‘tava’ fazendo outra. Porque ela me disse: ‘não, Lair, não te preocupa, porque isso aí é tranquilo, isso não vai acontecer nada, não vai dar e tal…” E aí, então o processo ‘tava’ em curso e se processou tal qual eles montaram isso. Eu sei. Porque eu fui cobrar do Chico Fraga. Cobrei do Chico Fraga isso, e o Chico Fraga me disse pra mim (sic) que levou uma planilha pra governadora. Mostrou pra governadora e quem determinou os percentuais foi ela, os valores foi (sic) ela quem determinou. E o Chico Fraga disse o seguinte: ‘olha, pra ti ela não botou nada’. Mas como!? ‘Tu reclama (sic) com a governadora’. Bem isso, o Chico Fraga foi claro comigo: ‘te acerta com a governadora. Ela que determinou tudo. Quanto cada um ia ganhar. Enfim, ela’. O Chico entregou uma planilha pra ela e ela disse: ‘Não. Esse aqui, não. Não, não. Esse aqui, pá, pá, pá…’ Foi exatamente isso. Tanto o Flávio me relatou isso, quanto o Chico Fraga me relatou. O Chico disse assim: ‘Oh, Lair. E não tenho nada a ver com isso. Se acerta com ela”.

De Porto Alegre,
Isabela Soares