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Stiglitz: Problemas bancário são maiores do que antes da Lehman

Joseph Stiglitz, prêmio Nobel da economia, afirmou que os EUA falharam em reparar os problemas de base do sistema bancário, depois da crise financeira e do colapso da Lehman Brothers.

“Nos EUA e em muitos outros países, os bancos ‘demasiado grandes para falirem’ tornaram-se ainda maiores”, afirmou o Nobel numa entrevista à agência Bloomberg. “Os problemas são piores do que eram antes da crise de 2007”, acrescentou. As declarações de Stiglitz se somam a declarações de vários economistas que apontaram para este cenário.

O antigo presidente da Reserva Federal dos EUA, Paul Volcker, aconselhou a administração Obama a diminuir o tamanho dos bancos e o governador do Banco de Israel, Stanley Fischer sugeriu, no mês passado que os governos podem querer desencorajar as instituições financeiras de crescerem “excessivamente”.

“Não estamos fazendo nada de significante até agora, e os bancos estão recuaando”, afirmou ainda Stiglitz, que considera ainda que “os líderes do G-20 vão dar passos, dado o poder dos bancos” e “qualquer passo em frente é um movimento na direção certa”.

Segundo ele, grandes instituições financeiras que sobreviveram à turbulência saíram dela ainda maiores do que antes. Caso do Bank of America, que, após comprar Countrywide e Merrill Lynch, mais que dobrou de tamanho. Na avaliação do Nobel de Economia, esse gigantismo tende a piorar os problemas do setor, pois quanto maiores são os bancos, mais difícil de fiscalizá-los.

Crescimento

“Nos EUA e em outros países, os bancos que eram considerados grandes demais para quebrar se tornaram ainda maiores”, disse Stiglitz. Além do Bank of America — cujos ativos cresceram 138% entre junho de 2007 e março de 2009 — Wells Fargo e JPMorgan Chase estão entre os bancos americanos que também apresentaram forte expansão de ativos, ao adquirirem concorrentes que não tiveram o mesmo fôlego financeiro.

No mesmo período, o volume de ativos do Wells Fargo saltou 43%, impulsionado pela compra do Wachovia. E o do JPMorgan Chase avançou 51%, após aquisição de Bearn Sterns e Washington Mutual, segundo levantamento do jornal Washington Post.

Stiglitz também disse que a busca do crescimento econômico, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), pode agravar a situação da população. "A busca do aumento do PIB pode agravar a situação da população", declarou Stiglitz ao apresentar um informe sobre os limites do PIB como indicador de resultados econômicos e progresso social.

Meio ambiente

O relatório foi elaborado por uma comissão formada por 22 especialistas e presidida por Stiglitz, criada em fevereiro de 2008 pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy. "Em uma sociedade na qual os resultados têm cada vez mais importância, a estatística conta", afirma o economista, que foi conselheiro do presidente americano Bill Clinton, antes de destacar o "perigo" que representa a distância entre as estatísticas e a percepção da situação.

"Quando você tem medições erradas, está lutando com medições econômicas ruins", ressaltou Stiglitz, para quem o informe apresentado nesta segunda-feira é "um primeiro passo", que ainda está "longe do objetivo".

No relatório, a comissão Stiglitz defende a instauração de indicadores que permitam que as estatísticas econômicas enfatizem a medição do "bem-estar" e do meio ambiente. Segundo o Prêmio Nobel de Economia, ter indicadores do crescimento econômico mais globais permitiria, por exemplo, mostrar que a "oposição entre crescimento econômico e preocupações com o meio ambiente é artificial".

Com agências