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Miguel Bruno, do Ipea: A armadilha da "recuperação"

Ao comentar as perspectivas para a próxima reunião do G-20, nos próximos dias 24 e 25, em Londres, o economista Miguel Bruno, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), disse que o ideal seria o mundo pensar numa arquitetura internacional não igual, mas no "espírito do Pós-Guerra."

Para ele, não basta regular as finanças, mas fazê-lo no sentido mais adequado ao desenvolvimento dos países. "Disciplinar as finanças e organizar a internacionalização, mas não creio que isso esteja acontecendo. Precisaríamos de quase um novo Bretton Woods, mas esse ensaio de recuperação acaba criando a armadilha de pensarem que não precisa mudar nada", alertou.

O economista ponderou que limitar os bônus de executivos e regular a criação de produtos financeiros são decisões mais a cargo dos países, internamente, mas que o G20 pode ter uma influência normativa indireta. "Mas não tenho visto mobilização nesse sentido.

Depois do fim Bretton Woods, havia um sistema internacional, com regulação, câmbio fixo. A estratégia liberalizante que veio em seguida deixou o mundo sem normas transnacionais", criticou. Bruno prevê que a recuperação da economia mundial pode levar de três a quatro anos: "O dinheiro injetado até aqui teve efeito na demanda efetiva, mas pode ser um vôo de galinha", advertiu.