A farsa do discurso de Aécio Neves

Um acontecimento lamentável se deu em Minas Gerais, no último mês de agosto, quando lá se realizava o evento "Liderança Climática Brasil 2020 – Tô Dentro", organizado e patrocinado pela ONG americana "State of the World Forum" , que escolheu a cidade de Belo Horizonte para sediar a seção brasileira de seus eventos, organizados em vários países de todos os continentes do mundo.

O Objetivo é o engajamento de cada país na campanha e o comprometimento de lutar pela redução de 80% das emissões de CO2 até 2020, antecipando esse prazo, que antes estava previsto para 2050. Isto porque, segundo seus estudos, chegou-se à conclusão de que em 2050 poderia ser tarde demais e não dar tempo de evitar as conseqüências catastróficas para a vida no planeta.

O objetivo, se for sincero, é nobre e necessário. O grande problema é que, para alcançá-lo, é preciso a concordância dos "donos do mundo" (políticos, banqueiros e grandes empresários) e este povo quase sempre não está disposto a colaborar porque são imediatistas e irresponsáveis, preocuipando-se apenas com o poder e o lucro, sem se importar com o dia de amanhã. Como fazer vingar uma campanha dessas se os governantes disserem "não"? E se os donos do dinheiro pressionarem os governantes mundiais a dizer não?

Aécio, malandramente, tratou de esconder as sujeiras existentes no seu próprio estado, onde crimes ambientais terríveis são cometidos por grandes empresas, com a autorização do governo estadual. E em sua fala, como se fosse um grande defensor do meio ambiente, disse estar o seu governo alinhado com as causas ambientais e que "nenhum governante responsável pode, nos dias atuais, desprezar essas questões e não ter um comprometimento com o desenvolvimento sustentável (eita palavrinha falsa) e a proteção ao meio ambiente". Inesperadamente, foi interrompido, da platéia, pelo jornalista Gustavo Gazinelli, que chamou-o de mentiroso e começou a citar exemplos que contrariavam o discurso do governador oportunista. Acuado e para não parecer autoritário e antidemocrático, Aécio, como político esperto que é, não teve outro recurso senão convidar o aparteante para continuar a sua fala. E foi quando deu-se o desastre para o político: o jornalista não só criticou, como entregou um documento comprobatório das denúncias e arrancou aplausos da platéia. Aécio, para minimizar o incidente, não rebateu as acusações, por considerar que ali "não era o fórum apropriado". Saiu-se com aquela de "vamos analisar e responder".