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Desempregado inglês desenterra fabuloso tesouro medieval

Um caçador de tesouros amador, desempregado, usando um detector de metais na zona rural de Staffordshire (centro da Inglaterra), encontrou uma enorme coleção de artefatos de ouro e prata, com 1.300 anos de idade. Só de ouro são 5 quilos. A descoberta sem precedentes pode revolucionar o conhecimento sobre a Alta Idade Média, quando os anglo-saxões dominaram a Inglaterra.

A descoberta coube a Terry Herbet, de 55 anos. Ele passou cinco dias explorando sozinho o campo arqueológico, localizado no sítio de um amigo, antes de concluir que precisaria de ajuda e chamar as autoridades.

"Foi mais divertido que ganhar na loteria", comentou Herbert, que se apaixonou pela arqueologia desde a adolescência. "Meus amigos do clube (de escavadores) sempre dizem que se houver uma moeda de ouro num campo, serei em quem vai achar. Não sei o que vão dizer quando virem isto", agregou.

O tesouro causou um surto de entusiasmo na comunidade arqueológica britânica. Tem sido comparado ao achado do túmulo do faraó egípcio Tutankhamon. "É uma descoberta fantástica e que caiu do céu", disse o especialista que assumiu a escavação, Roger Bland.

Um tesouro "oficial", e de sete dígitos

Só o ouro encontrado pesa 5 quilos, mais 2,5 quilos de prata e uma quantidade de pedras preciosas. O achado indica que a Inglaterra medieval era mais rica do que se imaginava, disse Leslie Webster, ex-curadora de arqueologia anglo-saxã do Museu Britânico.

Ela disse que cruzes e outros artefatos religiosos misturados com o material militar podem lançar nova luz sobre a relação entre cristianismo e os belicosos anglo-saxões. Uma grande cruz pode ter sido levada aos campos de batalha.

O achado foi declarado oficialmente um "tesouro" por peritos nesta quinta-feira (24), o que significa que será avaliado por especialistas e oferecido a museus que se interessem em comprá-lo. O dinheiro da venda será dividido entre Herbert e o dono da fazenda. Bland não ofereceu um valor para o achado, mas disse que os dois podem estar a caminho de receber "uma soma de sete dígitos".

Kevin Leahy, o arqueólogo que catalogou o achado, disse que o conjunto inclui dezenas de coberturas de pomo – elementos decorativos que se prendiam ao cabo da espada – e parece composto do saque que se segue a uma batalha. Beowulf, o poema épico anglo-saxão, descreve guerreiros retirando os adornos do pomo das espadas dos inimigos, como souvenirs.

Os objetos pertencem ao período anglo-saxão da história da Inglaterra, entre a queda do Império Romano, em 409, e a invasão normanda, de 1066. Devem datar de entre 675 e 725. Foram achados onde ficava a Mércia, um dos sete reinos anglo-saxões da época.

Os anglo-saxões eram um grupo de tribos germânicas que invadiu a Inglaterra em meio ao colapso de Roma. Seus artesãos criaram objetos notáveis, e sua língua, o velho inglês, é uma precursora do inglês atual.

O tesouro inclui elmos com adornos intricados, como cristas entalhadas com animais correndo, espadas enfeitadas e uma peça de jogo de damas incrustada com ouro. Um bracelete de ouro traz uma inscrição em latim pedindo a Deus que afaste os inimigos do usuário. A qualidade da ourivesaria levou os especialistas a concluírem que os objetos pertenciam à alta nobreza da época

Da redação, com agências