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Diário do Povo: Em um ano o Irã terá armas nucleares?

O programa nuclear e o desenvolvimento de mísseis do Irã sempre suscitaram a atenção do Ocidente. Israel chegou a enviar recentemente dois vasos militares da classe "Sar" ao Mar Vermelho, o que foi considerado como uma advertência contra o Irã. O chanceler israelense, Lieberman, chegou a dizer que a ênfase diplomática de Israel passará da Palestina para o Irã. Artigo opinativo do Diário do Povo da China.

Nimrod Barkan, diretor do Centro de Estudos da Política (INR, na sigla em inglês) do Ministério de Relações Exteriores de Israel, disse à mídia que o "problema nuclear" iraniano é o tema mais importante e premente da atualidade, mais importante que o "problema" da Palestina. "pois o Irã poderá possuir armas nucleares dentro de um ano".

O funcionário israelense afirmou que se a via diplomática não surtir efeito, terão de pensar em "outras vias" para "solucionar o problema". "A comunidade internacional necessita tomar uma decisão no próximo período semestral, ou em um ano, pois do contrário terá de enfrentar um monstro", exagerou.

"Obama já entende que será muito difícil mudar o Irã"

Mas, no problema nuclear iraniano, Israel não pode fazer caso omisso em relação à atitude dos Estados Unidos, em nenhum momento. A critério dos observadores, depois que Obama subiu ao poder, a atitude estadunidense em relação a Israel passou a ser "dura". barkan disse, a respeito, que as verdadeiras divergências entre os dois países reside, de fato, nas zonas ocupadas por colônias de Israel na Palestina, e sublinhou que os dois países tem pontos de vista bem semelhantes nos casos de Líbano, Síria e Hamas, entre outros assuntos, assim como em relação ao "problema" do Irã. "Também idênticos pontos de vista, a princípio", disse.

A seu critério, depois de assumir a presidência, Obama deseja dialogar com o Irã, "Mas as eleições iranianas deixaram a gente ver com clareza a autêntica fisionomia do regime do Irã. Eu acredito que a Administração Obama já sabe claramente que será muito difícil mudar alguma coisa no Irã", insistiu.

Joe Biden, vice-presidente dos Estados Unidos, disse em julho passado que "sendo um país soberano, Israel tem direito a decidir o que é favorável a si e tomar decisões sobre os assuntos relacionados com o Irã e outros países".

Embora mais tarde Obama tenha dado destaque que isso não significa "autorizar" Israel a atacar o Irã, Barkan sustenta que isso é, pelo menos, uma advertência. Sustentou que, cedo ou tarde, os Estados Unidos estarão conscientes das limitações, embora ele também "acredite que uma solução diplomática seja melhor, mas é possíver ter de estudar outros meios".

Ao ser perguntado quais seriam esses "outros meios", Barkan respondeu que "isso vai pela imaginação de vocês".

O Oriente Médio é uma "selva de vida ou morte"

Obama mudou o estilo "durão" de Bush, no sentido de que "não é amigo, é inimigo", e fez em várias ocasiões sinais de amizade em relação ao mundo islâmico. Os especialistas acham que isso é favorável para a paz no Oriente Médio. Barkan descreveu que a tentativa de Obama de resolver os problemas por meio de negociações com o "inimigo" algo muito "nobre" e, não obstante, essa tática também foi usada pelos presidentes do Partido Democrata, com Kennedy e Carter, mas não deu resultados "ideais".

Aos olhos de Barkan, a posição de Israel é: "Você é o chefe, e pode tentar. Nós cooperamos com gosto e, se conseguir algo, ficaremos muito contentes". Segundo ele, os Estados Unidos e Israel se respeitam mutuamente e a administração Obama está há apenas seis meses no poder. "É preciso dar tempo a eles para ver se esse método é bom", filosofou.

Porém, Barkan disse expressamente que tem "muitas dúvidas" sobre se isso terá algum efeito de fato. Disse francamente que Israel se identifica mais com a política do ex-presidente George W. Bush e sustenta que com a "simples amizade" não se pode alcançar a meta e que a força militar constitui um elemento importante para qualquer acordo.

Barkan também disse que o Oriente se parece uma selva de vida e morte, de modo que, "às vezes", é preciso obter a iniciativa "golpeando primeiro" para prevenir que o "inimigo fique ainda mais forte".

Fonte: Diário do Povo