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Tratado de Lisboa vai à segunda votação na Irlanda

Mais de 3 milhões de irlandeses foram às urnas nesta sexta-feira (2), para decidir pela segunda vez sobre o Tratado de Lisboa, previsto para substituir o que seria a Constituição da União Europeia (UE).

O Tratado é uma versão moderada da Constituição, rejeitada por franceses e holandeses há três anos e que pretende dar novas diretrizes à atuação da UE, abrindo caminho para uma Europa sem leis sociais. Além dos irlandeses, tchecos e poloneses ainda não retificaram ao acordo.

No ano passado, a Irlanda, único país que segundo a Constituição local exige consulta popular, disse não ao acordo e desde então sofre pressão de líderes da UE, que precisam da aceitação de todos os países para que o tratado entre em vigor.

As últimas pesquisas indicam que o percentual de apoio ao Tratado oscila entre 48% e 68%, enquanto os opositores não alcançam a maioria absoluta e ficam entre 17% e 33%.

Após a rejeição por maioria de 53,4%, a UE aceitou ceder em várias questões à ilha, como regime fiscal, proibição do aborto e direitos trabalhistas, que no referendo anterior não haviam sido expostas aos irlandeses.

Chantagem econômica

Entre as principais bandeiras dos partidários do “sim” é de que a Irlanda, que passa por uma de suas maiores crises econômicas, depende financeiramente do resto da Europa, e que uma segunda rejeição poderia suscitar um boicote de investidores ao país.

A taxa de participação no referendo irlandês ao Tratado de Lisboa é mais baixa em relação à consulta popular do ano passado. Além do baixo comparecimento, um protesto de taxistas locais contribui para o esvaziamento da votação.

Às 10h, pouco mais de 5,5 por cento dos eleitores inscritos haviam votado na St. Rose’s National School de Tallaght, um município do sudoeste de Dublin, de casa escuras e onde se chega por uma avenida cheia de armazéns e fábricas.

John, um taxista de 40 anos, explicou que "o governo não informou as pessoas em condições. Eu li tudo o que encontrei, segui o máximo que pude a campanha. Mas não sei o suficiente. A campanha do ‘não’ pôs muitas dúvidas nas pessoas e o ‘sim’ não nos tranquilizou", afirmou, justificando o voto que recusa o Tratado de Lisboa.

Prova disso é que um casal de aposentados, que antes votou pelo "Não", mudou o voto na última hora, por causa do comportamento de outros segmentos. John e Anne Kelly já estão reformados e votaram pela manhã.

"Todos os partidos dizem para votarmos sim", argumenta o aposentado. O casal seguiu a indicação dos partidos. Com exceção dos republicanos do Sinn Fein, todos os partidos com representação parlamentar fizeram campanha pelo "Sim", incluindo o Trabalhista, que venceu as últimas eleições locais em Tallaght, local onde mora John e Anne Kelly.

Já Alice, de 48 anos, é mais nova que os Kelly, mas também já não trabalha. "Votei 'sim'. Mas não sei dizer muito sobre isto. Senti que era melhor para nós, para não ficarmos sozinhos", revelou, demonstrando desconhecer o tema.

Da redação, com informações do Opera Mundi