Alô Presidente: Chávez faz comovente homenagem a Mercedes Sosa

Em seu programa, Alô Presidente, o líder venezuelano Hugo Chávez fez uma comovente homenagem a cantora argentina Mercedes Sosa, que faleceu neste domingo (4). A artista de 74 anos estava internada desde o dia 18 de setembro no Sanatorio de la Trinidad, em Palermo, e seu estado de saúde se agravou na última semana, devido a problemas renais que afetaram o sistema cardiorrespiratório e órgãos vitais. A cantora estava em coma e respirava com a ajuda de aparelhos.

Milhares de pessoas acompanharam a entrada do caixão com o corpo da cantora no Cemitério La Chacarita, em Buenos Aires, no fim da tarde de segunda-feira (5). Suas cinzas serão espalhadas pela capital e pelas províncias de Tucumán, onde nasceu, e Mendoza, onde começou a carreira. A despedia dos fãs começou cedo, quando o Congresso Nacional argentino, em Buenos Aires, reabriu as portas para a continuação do velório.

A presidente Cristina Kirchner, que esteve no Congresso ao lado do marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, decretou luto nacional por três dias. No decreto, Mercedes é descrita como "inconfundível símbolo da música argentina" e "férrea defensora dos direitos humanos e das causas justas"."La Negra", como ela era conhecida carinhosamente por seu cabelo escuro, foi apontada como "a voz da maioria silenciosa", por sua defesa dos pobres e sua luta pela liberdade.

Jovens artistas como Shakira e Ricky Martin manifestaram suas condolências através da rede social Twitter. "Mercedes foi a maior voz e tinha um coração enorme", disse a cantora colombiana em sua página. Já o ex-Menudo afirmou: "Sua voz, sua música e sua paixão pela defesa dos direitos humanos inspirou a muitos. Seu legado viverá para sempre".

Mercedes no Brasil

O Brasil começou a despertar para a riqueza da voz de Mercedes Sosa em 1976, após um dueto da cantora argentina com Milton Nascimento. A faixa Volver a los 17, da compositora chilena Violeta Parra – de quem Mercedes foi uma das principais intérpretes – virou um dos maiores destaques do hoje clássico álbum Geraes. A partir daí, a barreira da língua não mais impediu que brasileiros se apaixonassem pelo marcante timbre de contralto de Mercedes Sosa e por seu repertório, entre canções folclóricas e de conteúdo político e social.

Os discos de Mercedes passaram a ser lançados regularmente no Brasil. A cantora gravou novos encontros com artistas da MPB como Fagner, Chico Buarque e, recentemente, Caetano Veloso – em outubro de 2008, aproveitando a visita de Mercedes ao Rio, para receber a Ordem do Mérito Cultural, em cerimônia realizada no Teatro Municipal.

A faixa com Caetano fez parte do disco de duetos, lançado este ano, com um variado leque de convidados, incluindo ainda a colombiana Shakira, o uruguaio Jorge Drexler e a mexicana Julieta Venegas.

Militância aguerrida

Peronista na juventude, Mercedes alinhou-se à esquerda a partir dos anos 1960. Em 1979, perseguida pela ditadura militar argentina, ela se exilou na Europa, vivendo em Paris e Madri. Nos anos 1990, foi opositora do presidente Carlos Menen e, depois, apoiou seu sucessor, Néstor Kirchner.

Independentemente das posições políticas, Mercedes merece ser ouvida por sua grande voz e seu repertório, em discos como El grito de la tierra, Homenaje a Violeta Parra, Cantada Sudamericana, Interpreta Atahualpa Yupanqui, Corazón Americano (com Milton Nascimento e León Gieco) e "Alta fidelidad" (com Charly García). Seu último disco, Cantora, vol. 1, teve três indicações ao Grammy Latino deste ano – que será anunciado em novembro.

Fonte: Da redação, com agências