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Chantagem do terror: Grande capital arranca Sim dos irlandeses

A decisão do povo irlandês de rejeitar o tratado constitucional, redesenhado Tratado de Lisboa, tomada democraticamente há um ano, foi invertida, sexta-feira (2), num segundo referendo exatamente sobre a mesma questão.

O truque já tinha sido ensaiado com êxito em 2002, um ano após uma clara maioria de 53,9 por cento ter rechaçado o Tratado de Nice. Não satisfeito com a resposta, o governo de direita, na altura chefiado por Bertie Ahern, repetiu a consulta e aumentou as pressões. Obteve o "Sim" com 62,9 por cento.

Também desta vez os irlandeses foram sujeitos a enormes pressões e ameaças para alterar a decisão democrática que resultou do referendo de 13 de Junho de 2008, quando 53,4 por cento se pronunciaram inequivocamente contra o Tratado de Lisboa.

Mergulhados entretanto numa das piores crises econômicas da sua história recente, com o dobro do desemprego, que se aproxima dos dez por cento, e uma contração de nove por cento da economia, os trabalhadores irlandeses são hoje confrontados com aumentos de impostos, redução de salários e cortes nos serviços públicos.

Apesar de responsabilizarem o governo de Brian Cohen pela atual situação (o qual conta com apenas 19 por cento de opiniões favoráveis nas pesquisa), o eleitorado foi bombardeado com todo o tipo de mentiras e manipulações durante a campanha.

A principal delas foi a "ameaça" de expulsão do país da União Europeia e o consequente agravamento da difícil situação em que o país se encontra, em caso de vitória do "Não".

Nestas condições, os resultados do último referendo não foram propriamente uma surpresa: o "Sim" ganhou com 67,13 por cento, contra 32,9 por cento do "Não", com uma participação de 58 por cento.

A campanha de intimidação e de medo atingiu os seus objetivos. Comentando os resultados do referendo, o empresário Declan Ganley, partidário do "Não", assinalou: "os irlandeses estão aterrorizados. É um voto mais baseado no medo do que na esperança".

Com informações do jornal Avante!