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México: 150 mil protestam contra privatização da energia

Organizações sindicais, associações de estudantes e várias correntes da esquerda mexicana convocaram e realizaram esta quinta-feira (15) uma gigantesca marcha de mais de 150 mil pessoas na Cidade do México contra o decreto presidencial que no domingo dia 11 liquidou a empresa pública Luz y Fuerza del Centro que abastecia grande parte do país de energia eléctrica. A extinção da empresa lançará no desemprego 44 mil trabalhadores.

Os manifestantes, mais de 150 mil segundo os dados fornecidos pelo governo, protestaram contra o fecho e a prevista privatização da empresa e gritaram palavras de ordem contra o despedimento de 44 mil trabalhadores.

Poucas horas depois, o Governo veio anunciar que quer estabelecer um “diálogo” com o Sindicato Mexicano de Electricistas para “explorar alternativas de reinserção laboral e produtiva” na sequência da liquidação da empresa e de confirmados os despedimentos. A liquidação terá custos de mais de mil milhões de euros (20 mil milhões de pesos).

Apesar de vir agora falar em diálogo, o Governo Federal liderado por Felipe Calderón Hinojosa tem mostrado nos últimos meses tiques autoritários, reprimindo manifestações de trabalhadores e insistindo em leis anti-sociais num país com muita pobreza.

O Governo tomou à força as instalações da companhia Luz y Fuerza del Centro e expulsou de maneira violenta os trabalhadores que ali se encontravam e quis decretar não só o fim da companhia mas também do sindicato, não reconhecendo a sua autoridade.

O conflito com o sindicato agravou-se quando o governo anunciou a concessão da rede de fibra óptica a uma empresa privada espanhola (WL comunicaciones) cujos accionistas mexicanos principais são dois ex-secretários da energia (Fernando Canales Clariond y Ernesto Martens). O sindicato exigiu o direito legal a ter uma concessão equivalente.

Felipe Calderón, do Partido de Acção Nacional (PAN), de direita conservadora, tem feito propaganda pela eliminação dos monopólios nas companhias telefónicas (Telmex) e televisão (Televisa). No entanto, limitou-se a gerir os equilíbrios dos dois grandes consórcios que ajudaram à sua eleição, garantindo-lhes os respectivos monopólios e não queria que o sindicato complicasse as concessões na área energética, muito menos um sindicato que tem mostrado simpatia pelo líder da oposição mais popular do país, Andrés Manuel López Obrador.

Em relação à empresa Luz y Fuerza, a estratégia foi a mesma seguida quando se tratou de privatizar outros sectores: estrangular a empresa e considerá-la depois “ineficiente”, para a entregar em seguida ao grande capital.

A extinção/privatizaçãofoi contestada nas ruas por ser inconstitucional e sobretudo pelas suas graves consequências sociais, deixando na rua 44 mil trabalhadores.

Fonte: Esquerda.net