Jo Moraes: Obstáculos à Amazonia protegida 

Na região da Amazônia, as distâncias são medidas pelo meio de transporte a ser usado para o deslocamento. Da cidade de Tabatinga, fronteira seca com Letícia na Colômbia, até o Pelotão Estirão do Equador, limite com o Peru, tem-se duas distâncias. 

jo - assessoria JM

 Indo por ar são 180 quilômetros de viagem com duração de 30 minutos até a pista de pouso, mais 30 minutos de deslocamento fluvial.Indo pelos rios são 435 quilômetros com duração de trinta dias.

É por aí que estão chegando os materiais para ampliar a pista que tem apenas 1000 metros, no coração da floresta virgem – um desafio para os aviadores da Força Aérea Brasileira.“Cuidar da defesa da Amazônia é cuidar das suas pistas”, dizia o mecânico do avião que transportou a caravana, descrevendo todo o impacto que as aeronaves sofrem pelo condicionamento do pouso.

E ao fazer o apelo para que divulgássemos essa necessidade ele alisava as hélices com um carinho de quem cuidava do carro de brinquedo do seu filho.A visita da caravana de deputados serviu para compreender que a Amazônia Ocidental é uma região de rios penetrantes, de vocação fluvial, por isso a necessidade de adequar o funcionamento burocrático a essas circunstâncias.

Um exemplo do sistema de abastecimento demonstrou a necessidade de modernizar e adequar o processo. A licitação é feita em Manaus, seguida da distribuição dos suprimentos para as Brigadas que os levarão até os pelotões de fronteira. No caso da unidade de Cruzeiro do Sul, no Acre, o abastecimento também é feito por Manaus, passando pelo Rio Juruá (que de junho a dezembro não é navegável) porque a BR 364 que liga a Rio Branco está intransitável.Até necessidades mais simples do cotidiano das unidades do Exército para cumprirem sua função não têm legislação adequada. Alugar um barco para transportar urnas eleitorais nas cidades para onde as tropas são convocadas enfrenta dificuldades. Para realizar o contrato é preciso que o barco tenha registro no Sistema de Cadastro da Administração Federal – SINCAF.

Dependendo do município o barqueiro não tem nem identidade.Enfrentar a realidade em que vivem os militares e seus dependentes é sempre o maior desafio. “Meu filho teve uma otite grave. Mas aqui em Tabatinga eu não consegui um otorrino para diagnosticar com rapidez.
Ele está em tratamento em Letícia (Colômbia) com um otorrino que vem de dois em dois meses”, relatou a esposa de um militar. A passagem para Manaus é caríssima porque só tem uma empresa operando esse trecho.Há em curso a construção do Plano Amazônia Protegida, definido pelo Ministério da Defesa que tem como objetivo, em sua primeira fase, a modernização das atuais unidades, contando para isso, um orçamento de 140 milhões de reais.

Buscar ampliar esses recursos deve ser o passo inaugural para que se trate a Amazônia na dimensão estratégica que ela tem para a soberania do país.

Da Amazônia Brasileira,
Jô Moraes