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Oliva, o mais votado para reitor da USP, critica conduta de Serra

O cientista Glaucius Oliva, mais votado na eleição para reitor da USP, disse estar "desapontado" com a decisão do governador José Serra de indicar o segundo colocado, João Grandino Rodas. “Não construí minha candidatura com base em apoios políticos ou de ex-reitores, mas dos cientistas, das pessoas que fazem o cotidiano da universidade”, disparou.

Foi uma alusão a Rodas — que teve o apoio do secretário estadual de Justiça, José Antônio Marrey, e dos ex-reitores Flávio Fava e Adolpho Melfi. Oliva admitiu que o poder conferido ao governador de escolher qualquer um dos três mais votados "faz parte da regra do jogo".

Ele codnenou, porém, a conduta de Serra: “O governador não me deu a oportunidade de expor meu projeto. Na verdade, não sei se a escolha foi feita com base na diferença entre projetos, até porque a decisão saiu de pronto. Cabe a ele esclarecer isso.”

Diretor do Instituto de Física em São Carlos, Oliva disse que tinha "interlocutores" no governo, mas nunca conversou em caráter oficial com autoridades nem com o secretário do Ensino Superior, Carlos Vogt. "Conversei com Vogt informalmente, em eventos protocolares, mas nunca discutimos profundamente a USP."

O diretor do Instituto de Física chamou de "falacioso" o argumento de que Serra ficou à vontade para escolher o segundo da lista porque nenhum candidato conseguiu a maioria absoluta de votos. "Nessas instâncias, é levado em consideração o número de votos válidos. Certamente, o governador não gostaria de disputar uma eleição em que a maioria absoluta fosse calculada em cima do número total de eleitores cadastrados."

Numa das etapas do segundo turno, realizado na quarta-feira, Oliva teve 162 votos, dois a menos do que o necessário para chegar à maioria absoluta. O colégio eleitoral tinha 325 eleitores, mas votaram 274. Pelo raciocínio de Oliva, descontados os ausentes e os seis votos nulos, sua candidatura teve o apoio de 59% dos que votaram.

O cientista disse que recebeu diversas mensagens. "O tom geral é de solidariedade. Alguns estão indignados, outros, estupefatos ou tristes." Ele garantiu que não fará oposição a Rodas. "Vou apoiá-lo no que julgar correto e, se ele fizer coisas das quais eu discordo, vou me manifestar, dizendo o porquê."

Da Redação, com informações da Agência Estado