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Ex-agente do Doi diz que Rubens Paiva foi esquartejado

Um documentário inédito, a ser exibido na quinta-feira à noite no Festival de Cinema de Brasília, contém uma revelação macabra feita por um ex-agente do DOI-Codi, o órgão de inteligência e repressão da ditadura militar: vários de suas vítimas tiveram os corpos esquartejados. Um deles, segundo um ex-agente, foi o ex-deputado Rubens Paiva (PSB). A informação está no jornal O Globo desta quarta-feira (18).


A afirmação foi feita por Marival Chaves, ex-agente do DOI-Codi, em depoimento ao cineasta Jorge Oliveira para o filme Perdão, Mister Fiel, de 95 minutos, cujo tema principal é a morte sob tortura do operário Manoel Fiel Filho, em São Paulo.

"O que me surpreendeu foi que o sujeito contou várias atrocidades de cara limpa, com a maior tranquilidade. Ele disse que havia inclusive uma espécie de disputa entre os torturadores: a de apostar quantos pedaços iam render os corpos de cada uma das vítimas", disse Oliveira, citado pelo jornal.

"Chaves sabe muito mais do que já contou"

Segundo o cineasta, Marival Chaves revela no filme a identidade de torturadores, inclusive a de um coronel. "Ele conta que esse sujeito dava nos presos uma injeção de matar cavalos. E, para desaparecer com os corpos, mandava esquartejá-los", revela o ex-agente.

O escritor Marcelo Rubens Paiva, autor de Feliz ano velho e filho do ex-deputado, não exclui a possibilidade: "Ele [Rubens Paiva]pode ter sido esquertejado. Como saber? A única certeza é a de que ele foi morto dois dias depois de ser preso e torturado, e que sumiram com seu corpo. Meu pai foi preso, torturado e morto pelo DOI-Codi do Rio, e enterrado no Rio". Em entrevista à revista Caros Amigos, Marcelo também revelou que há muito tempo a família tinha essa informação.

Há 25 anos, Amilcar Lobo, médico que servia no quartel da PE-Rio, já contara à Eunice e à família Paiva que em janeiro de 1971 fora chamado para atender a um preso político irreconhecivelmente ensanguentado. "Ele era uma equimose só", lembrou Amilcar a quem o preso se identificou como Rubens Paiva.

Com informações de O Globo