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Britânico diz que EUA planejavam atacar Iraque desde 2001

Os Estados Unidos projetaram uma mudança de governo no Iraque e a derrubada de Saddam Hussein dois anos antes da invasão, que empreendeu em conjunto com o Reino Unido em 2003, revelou nesta terça-feira uma fonte dos serviços de espionagem britânicos.

Ao testemunhar diante de uma comissão que investiga a participação do Exército britânico na guerra contra o Iraque, o ex-chefe do Comitê Conjunto de Inteligência em 2000 e 2001, Peter Ricketts, afirmou que houve preocupação em Londres e Washington pela "contenção" do presidente iraquiano.

Ricketts sublinhou que, com a chegada de George W. Bush à Casa Branca, foi colocada em marcha uma revisão da política em relação ao Iraque.

"Nós estavamos conscientes de que outras vozes em Washington já estavam pensando e ir mais além e falavam de uma mudança de regime", admitiu Ricketts durante a primeira audiência, realizada por um grupo de cinco especialistas, encabeçado por John Chilcot e ao que acusam de falta de independência e de tentar ocultar do processo o ex-premiê britânico Tony Blair e outros funcionários do país.

A fonte citou um artigo da então secretária de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, em que sustenta que nada mudaria no Iraque enquanto Saddam Hussein ainda fosse presidente. William Patey, que trabalhou como chefe do departamento do Oriente Médio do departamente de Oriente Médio no Ministério de Relações Externas em 2001, corroborou também os planos da Casa Branca para derrubar Hussein, mas disse que os funcionários britânicos foram mantidos à distância dessa política.

O outrora diretor de Política do Ministério da Defesa, Simon Webb, também negou que Londres discutisse a fundo a nova concepção do Departamento de Estado dos Estados Unidos e dos falcões da guerra "para deter as armas iraquianas de destruição em massa", usado como pretexto para a invasão anglo-americana.

Os primeiros testemunhos reconheceram, entretanto, que não conseguiram nenhuma prova sobre o suposto vínculo de Bagdá e Hussei com a organização al-Qaida e o terrorismo, outros pretextos falsos esgrimidos pela Casa Branca.

Ricketts assegurou que, desde novembro de 2001 começou a falar-se em Washington de uma "fase 2" na "guerra contra o terrorismo", mas minimizou toda a responsabilidade da política externa do Reino Unido na guerra contra o Iraque, que teve um custo altíssimo de destruição e milhares de civis (mais de 30 mil) e desabrigados.

Um relatório secreto do Executivo, revelado em 2005, prova que em julho de 2002 o governo de Londres conhecia os planos de Bush para invadir o Iraque, mas Tony Blair disse à opinião pública que a guerra era "evitável" se Bagdá aceitasse uma inspeção da ONU em seus arsenais militares. Deu a imagem de ser um partidário do desarmamento e não da guerra, que seguiu às cegas.

As investigações, cujos resultados devem ser divulgados depois das eleições gerais de junho próximo, tem como alvo a Blair e ao então chanceler Jack Straw. Supõe-se que o atual chefe de governo, o trabalhista Gordon Brown, seja chamado a depor em dezembro ou no início de janeiro de 2010.

Fonte: Prensa Latina