Ivina Carla – Mais uma batalha a vista

Chegamos ao final de mais uma etapa da Conferência Nacional de Comunicação, conseguimos realizar um evento com muito conteúdo no nosso estado. Auditório lotado, envolvimento qualitativo e quantitativo nos grupos de trabalho, no geral um saldo positivo.

Mas alguns atropelos não nos permitiram que avançassemos mais um pouco, como a não votação de propostas na etapa estadual, afinal, propostas que tiveram pouca aceitação foram no relatório final e com a demanda alta que será levada para a nacional de todos os estados. Vamos precisar de um fórum pra debater a nível local e iniciar a batalha pelo comprometimento institucional de criar políticas de comunicação com interferência popular. Outro aspecto foi mais uma burocracia do regimento nacional de que deveria se ter 30% de assinaturas para as moções. Imaginem um espaço estrutural de locomoção dificil, com várias moções as pessoas tentando legitimar o que o plenário tinha votado favoravelmente com crachá.

Mesmo assim conseguimos aprovar moções importantes como a de repúdio à criminalização dos movimentos populares, contra o regimento nacional de que as propostas não seriam votadas na plenária estaduais, contra o terrorismo midiático e também em apoio ao reestabelecimento do diploma para jornalistas e às conferências ocorridas no estado do Ceará. Essas moções foram a nossa voz indignada e ao mesmo tempo com esperança de que esse processo institucional nacional nos permita discutir e participar da formulação de políticas públicas para a comunicação.

Quero destacar também que ficou claro o posicionamento do empresariado que, diferente de outras conferências onde a cota de participação desse setor é mínima e somente nesta eles ficaram com número equivalente aos de usuários. Como o espaço de disputa de ideias não os interessava, eles participaram somente para garantir os seus delegados, ou seja, cumprir a sua cota. As propostas do setor eram meramente técnicas de uma forma que nós não conseguíamos entender e nem eles sabiam explicar, chegando a agredir verbalmente trabalhadores, deixando bem claro a luta de classes.

Partimos agora para uma batalha crucial na qual os movimentos organizados podem sair fortalecidos e transformar o resultado do processo em bandeiras políticas. Esse será o próximo passo da luta pela democratização. Já sabíamos que essa primeira conferência não resolveria o nosso acúmulo de demanda na tentativa de mudar a comunicação no Brasil. Sobretudo sabemos que começamos a desenhar uma nova história e é por isso que não podemos parar na pista. Qualificamos o debate, mas precisamos fazer mais. Neste momento, a unidade deve ser fortalecida para que possamos sair vitoriosos de um processo que trará bons frutos para o nosso país.

Ivina Carla é estudante de Jornalismo da Faculdades Cearenses e integra a Comissão Estadual de Comunicação do PCdoB/CE


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