Nágyla Drumond – A atualidade do Feminismo Emancipacionista

O binômio classe/gênero é um dos principais elementos articuladores e estruturantes das relações sociais, nos permitindo entender como os sujeitos estão sendo constituídos cotidianamente por um conjunto de significados impregnados de símbolos culturais, conceitos normativos, institucionalidades e subjetividades sexuadas que atribuem a homens e mulheres lugar diferenciado no mundo, sendo essa diferença atravessada por relações de poder que conferem ao homem uma posição historicamente dominante.

Entendendo, no entanto, que estes lugares sociais não são totalmente cristalizados, mas construídos de maneira relacional.

Ao longo do século XX, nunca ficou tão clara a existência e a continuidade da opressão de gênero. O progresso material da humanidade não foi acompanhado, na mesma medida, pelo avanço pessoal, social e político das mulheres. A atual crise do Capitalismo, inclusive, vem colocando novos desafios frente à luta feminista. É preciso fortalecer a identidade feminina, afirmando que somos donas de nossos corpos e de que devemos ampliar nossa participação nos espaços de poder e decisão como forma, inclusive, de enfrentar a violência. É necessário continuar avançando na garantia de políticas públicas, ocupando a esfera institucional de maneira decisória e, ao mesmo tempo, compreender que nossa fonte inspiradora continuará sendo a radicalidade de nossa luta: feminista e emancipacionista. Pois acreditamos que não basta incluir as mulheres numa agenda afirmativa de políticas públicas; é preciso emancipá-las. Por isso que continuamos firmes na construção de uma nova sociedade, que chamamos de Socialismo.

No Ceará, o ano de 2009 nem mesmo terminou e 113 mulheres já foram assassinadas. Um aumento de 21 %, em relação aos assassinatos registrados no estado em todo o ano de 2008. Esta realidade exige, de maneira imediata: a implantação da Secretaria Estadual de Mulheres; a ampliação do número de juizados, delegacias especializadas, casas-abrigo, centros de referência, numa concepção que não responsabilize as mulheres pela violência que sofrem, mas que enfrente o desafio da violência sexista como um processo que deve ser desconstruído por toda a sociedade.

Neste 25 de novembro – Dia Internacional pela Erradicação de todas as formas de violência contra a Mulher – defendamos que um novo plano de desenvolvimento nacional, que avance ainda mais do que o Governo Lula vem avançando, é de fundamental importância para a vida das mulheres. Continuemos firmes em nossa luta diária em busca do desenvolvimento com participação ativa das mulheres, entendendo que a luta feminista se entrelaça à luta de nosso povo por uma sociedade verdadeiramente livre, justa e igualitária.

Nágyla Drumond é Mestre em Sociologia, Coordenadora da União Brasileira de Mulheres (UBM) e Presidenta do Centro Socorro Abreu

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