João Ananias destaca ações da Secretaria de Saúde em 2009

Na entrevista coletiva concedida à imprensa nesta terça-feira, 29 de dezembro, o Secretário da Saúde do Estado, João Ananias, destacou o crescimento dos investimentos em saúde e a nova quebra de recorde de transplantes no Ceará, que já acontece pelo terceiro ano consecutivo. 

No balanço da gestão em 2009, João Ananias falou ainda da reforma, ampliação e construção de unidades de saúde, medicamentos e investimentos na atenção básica de saúde. Confira a seguir alguns trechos da entrevista do secretário João Ananias.

Os investimentos na área da saúde cresceram 377,6% em três anos. A que se destinou esse volume de recursos?

Fizemos, em três anos, investimentos de cerca de 500 milhões de reais. Como profissional de saúde e militante do SUS, destaco esse como o maior investimento em saúde no Ceará em todos os tempos. Isso dentro da lógica assistencial. Estamos reformando os hospitais pólos de Quixeramobim, Tauá, Aracati, Limoeiro do Norte e Quixadá para aumentar a resolutividade da média complexidade e diminuir o fluxo de pacientes para as unidades terciárias. Um dos gargalos da saúde reside exatamente na assistência de alta complexidade. Por isso ampliamos a emergência do Hospital de Messejana, inauguramos a Unidade Régis Jucá do Hospital Geral de Fortaleza, implantamos 60 novos leitos no Hospital Waldemar Alcântara e a unidade de AVC do HGF, com 24 leitos. Inauguramos recentemente a primeira etapa da ampliação do Hospital Infantil Albert Sabin, com 108 novos leitos. Com a próxima etapa concluída, com a nova emergência, vamos triplicar a capacidade de assistência do HIAS. Também foram realizadas reformas e ampliações no Hospital de Saúde Mental de Messejana, no Hospital São José, que é referência em doenças infecciosas, e no Hospital César Cals.

A atenção secundária também é contemplada com investimentos?

Há um vácuo entre a atenção primária e a assistência especializada. Por isso trabalhamos a atenção secundária também nessa lógica assistencial. As policlínicas terão funcionarão com 10 ou 13 especialidades médicas e cada microrregião de saúde terá a uma policlínica e um Centro de Especialidades Odontológicas para dar acesso aos tratamentos mais complexos em saúde bucal. Já inauguramos os CEOs de Ubajara e Juazeiro do Norte. Até o final de 2010 todas as 21 policlínicas e os 16 CEOs serão entregues à população. Assim como os dois hospitais macrorregionais, do Cariri, em Juazeiro do Norte, e da Zona Norte, em Sobral, que iniciou o processo licitatório em 16 de dezembro. Esses hospitais terão perfil de trauma.

Que outros investimentos merecem destaque?

São demandas da própria sociedade, como o exame de DNA. Vi pela imprensa que havia 4 mil mulheres na fila para exame de DNA. Fomos conversar com o governador Cid Gomes e ele concordou de pronto com a implantação do Laboratório de Biologia Molecular no Lacen. Hoje, temos capacidade de realizar 600 exames por mês e a fila, que esperávamos acabar em um ano, foi zerada em oito meses.

Como foi o balanço dos transplantes em 2009 no Ceará?

Pelo terceiro ano consecutivo quebramos nosso próprio recorde. Até o dia 28, foram realizados 755 transplantes este ano. Foram 739 no ano passado. Superamos os números de 2008 em função da estruturação da Central de Transplantes. Colocamos mais nove profissionais médicos e ampliamos a capacidade de captação de órgãos. O Governo do Estado banca um avião para trazer um órgão doado no Cariri. Compramos quatro encefalógrafos digitais e dois vão para o Interior, para diagnosticar a morte encefálica de pacientes. Um dopper transcraniano foi doado pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, por causa dos nossos bons resultados na captação e transplante de órgãos. Proporcionalmente, o Ceará é o Estado campeão em transplantes de oração. Em 2009 realizamos o primeiro transplante de pâncreas no Estado e, em 2010, vamos começar a fazer transplante de pulmão, com uma equipe treinada no Canadá, e iniciar a implante coclear. Transplante de medula óssea também não era feito no Ceará. No ano passado foram realizados dois transplantes e, este ano, já foram sete. Estamos também implantando o primeiro banco de cordão umbilical público. Já existe um banco privado. Agora as pessoas mais pobres também terão acesso a esse serviço. Ou seja, o problema dos transplantes não é mais de estrutura, mas de órgãos. Existem poucos doadores, e esse é o maior problema.

A Atenção Primária também registrou avanços?

A evolução da atenção básica no Ceará nos últimos 20 anos é reconhecido no Brasil todo. Atualmente, a cobertura do Programa Saúde da Família é de 65%. Expandimos muito, mas devemos melhorar a qualidade. E isso não é nenhuma crítica aos municípios. Temos que melhorar a qualidade para aumentar o poder de resolutividade. Estamos agarrados na idéia de promover a educação permanente dos profissionais do SUS. Este ano cri8amos a especialização em Saúde da Família para médicos, dentistas e enfermeiros, exatamente para aumentar a resolutividade. O governador Cid Gomes colocou 40 milhões de reais do Fecop (Fundo Especial de Combate à Pobreza) para ampliação, reforma e aquisição de equipamentos para os postos de saúde dos municípios com mais de 70% de cobertura do PSF. São 8 milhões em 2009 e 32 milhões em 2010. Conseguimos junto ao Ministério da Saúde recursos de 24,4 milhões de reais para a construção de 107 novas unidades básicas de saúde em 2010.

Há outros investimentos previstos com recursos federais?

Na área da estrutura, ganharemos 100 novas UTIs neonatais, pela proposta do presidente Lula para redução da mortalidade infantil. Vamos expandir essa estrutura no Interior. Temos falta de UTIs e, com recursos estaduais, vamos criar 300 leitos de cuidados intermediários.

Com relação aos medicamentos, qual a política adotada pela Secretaria da Saúde?

Compramos medicamentos conjuntamente com 180 dos 184 municípios do Estado. O município entra com R$ 1,75, o Estado com R$ 1,75 e a União com R$ 5,75, per capita. Com esses recursos compramos toda a medicação da atenção básica, mas quem define o quantitativo e o cardápio são os municípios. É a segunda maior compra de medicamentos do País. O Ceará só perde para São Paulo. Com medicamentos de alto custo, o Ceará gasta 6 milhões de reais por mês para atender 42 pessoas. São medicamentos caríssimos. Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), somente um desses medicamentos para câncer consome 10% de todo o dinheiro que se gasta com câncer no Brasil. O Ministério da Saúde gasta 25% do seu orçamento com medicamentos excepcionais um quarto do orçamento da saúde. Registre-se que se gasta pouco com saúde no País, algo em torno de 600 reais per capita ao ano.