Lavagem do Bonfim é marcada por tom político

"A Bahia está muito violenta" e "Pedi paz para o povo do Haiti e da Bahia, que precisa melhorar a saúde", disseram Geddel e Paulo Souto, respectivamente, em alfinetada ao governo de Jaques Wagner (PT).

Esse também é o teor das frases impressas nas camisas dos peemedebistas, que dizem "A Bahia merece ter paz". O governador, que não participou do ato ecumênico na igreja da Conceição da Praia, reclamou da dimensão política que a festa ganhou, mas também aproveitou o espaço para fazer propaganda do seu governo.

O prefeito João Henrique (PDT) também criticou o tom político do evento. "Fico triste e não concordo quando os partidos usam a festa para pagar pessoas para agredir outros políticos", disse, se referindo às vaias e confusão que aconteceram no início do seu cortejo, quando seguranças ameaçaram a imprensa e houve empurra-empurra. Esse é o segundo ano consecutivo que seguranças do prefeito se envolvem em confusão na festa. No ano passado, um jovem foi agredido após protestar.

O tom eleitoral da Lavagem também pode ser percebido na Colina Sagrada, onde uma área maior do que a do ano passado foi reservada para os políticos. Eles vão ocupar toda a faixa da direita de acesso à igreja. O local é protegido pela Guarda Municipal. Devotos reclamam do cordão de isolamento na Colina Sagrada, que está mais distante do adro do que no ano passado.

Desfile

O cortejo oficial chegou na Colina Sagrada e o Padre Edson Menezes abençoou a população da janela da igreja do Bonfim. Este é o segundo ano que o religioso abre espaço para a proteção da igreja Católica na festa. Ele reza a oração de São Francisco. O governador participou da cerimônia. As baianas lavaram as escadarias da igreja do Bonfim com água de cheiro e flores. Os fieis foram abençoados com água de cheiro e "pintaram" a entrada da igreja de branco. Balões da mesma cor são soltos no ar em referência a paz. A multidão aplaudiu a imagem do Senhor do Bonfim.

O prefeito reencontrou o cortejo na igreja, depois de ter desistido da caminhada. Ao chegar na Avenida Jequitaia, ele deu sinais de cansaço: mancou, reclamou de cãimbras e sentiu dores no ombro direito. Na tentativa de demonstrar vitalidade, ele deu uma corridinha, mas, em seguida, o prefeito desistiu e abandonou o cortejo do Bonfim na rua Oscar Pontes, antes do ferry.

Já o vice-prefeito, Edvaldo Brito (PTB), pegou um atalho para ultrapassar a multidão e se juntar às baianas na Colina Sagrada. Lá foi escolhido presidente da lavagem pela Irmandade do Senhor do Bonfim.

Outros partidos

DEM e PSDB seguem com o PR à frente, mas alguns democratas disseram que são contra o nome do senador César Borges (PR) na chapa para a eleição de 2010. O partido PR, de César Borges, traz na frente do seu cortejo um boneco gigante do deputado Maurício Trindade. César Borges preferiu desfilar sozinho, apesar de ser cortejado pelos três principais nomes ao governo do Estado – Jaques Wagner, Geddel Vieira Lima e Paulo Souto.

A vereadora Léo Kret (PR), que estava com as unhas pintadas de laranja, fez sucesso ao passar pelo Largo de Roma. A parlamentar abraçou o secretário de Segurança Pública, César Nunes, ao chegar na igreja do Bonfim.

Marcos Medrado e Roberto Carlos comandam o desfile do PDT. O delegado Protógenes Queiroz (PCdoB), que comandou a operação Satiagraha que prendeu o empresário Daniel Dantas, e o músico Gerônimo desfilaram juntos na Lavagem do Bonfim.

O movimento na Cidade Baixa começou logo cedo com turistas, populares e baianas chegando para a festa. O cortejo percorre o Túnel Américo Simas, Calçada, Colina Sagrada, Humaitá até o Bonfim.

Antes do ato ecumênico, aconteceu a Corrida Sagrada. O atleta Antônio Raimundo Neri venceu a categoria masculina da prova pelo segundo ano consecutivo. O tempo dos atletas e o nome da vencedora da categoria feminina ainda não foram divulgados. A Corrida representa a primeira etapa do circuito baiano de corridas de rua.

Fonte: A Tarde On Line