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Obama critica decisão sobre propaganda política nos EUA

 O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, criticou hoje a decisão da Suprema Corte que abriu caminho para que as corporações possam dar apoio financeiro livremente, classificando-a medida como grande vitória dos interesses privados e que "devasta o interesse público". Ele afirmou ainda que sua administração trabalha com o Congresso para desenvolver uma solução legislativa bipartidária que reverta a regra.

"É a vitória do grande capital, dos bancos de Wall Street, das grandes seguradoras e de interesses poderosos que ameaçam a voz dos cidadãos americanos. Esta sentença dá aos lobistas ainda mais poder do que eles tinham", criticou Obama em seu programa de rádio semanal.

Em placar apertado, a Suprema Corte decidiu, por 5 votos contra 4, reverter as restrições para o financiamento de campanhas eleitorais, por classificar a proibição inconstitucional por limitar a liberdade de expressão. Obama demonstrou receio, afirmando que a decisão "abre o portão para ilimitada quantia de dinheiro voltado para interesses especiais em nossa democracia", incluindo corporações estrangeiras interessadas no resultado das eleições norte americanas. "A decisão atinge nossa democracia", afirmou.

A enorme quantidade de dinheiro que circula nas eleições norte-americanos tem transformado o pleito naquele país num processo antidemocrático, pois praticamente inviabiliza as chances e vitória de candidatos que não tenham milhões de dólares à disposição para suas campanhas.

"Esta é uma das sentenças mais devastadoras para as liberdades democráticas neste país. Isto muda inteiramente o cenário da disputa eleitoral de 2010 e terá efeitos nocivos para a liberdade neste país. Desde já se sabe que o grande vencedor das eleições de novembro não será o Partido Democrata ou o Republicano, e sim o partido das grandes corporações", alfinetou o senador democrata Charles Shuster.

O senador republicano John McCain, que concorreu com financiamento público na campanha presidencial de 2008 e é autor da Lei McCain-Feingold (em parceria com o senador democrata Russ Feingold), que proíbe anúncios de TV financiados por corporações até 60 dias antes do dia da votação, declarou-se "desapontado com a decisão da Suprema Corte".

Fred Wertheimer, advogado de um dos maiores grupos de defesa de direitos civis e de reforma das regras de financiamento de campanhas, qualificou a sentença de "desastre":

"Depois desta decisão, grandes corporações estarão dispostas a gastar mais de US$ 10 milhões em seus orçamentos para eleger seus candidatos e defender seus interesses. A Suprema Corte ignorou o fato de que grandes empresas não podem ser equiparadas a cidadãos individuais", disse Wertheimer.

Com agências