George Câmara: O Fórum Social e a nova palavra de ordem

A partir do último 26 de janeiro, em Porto Alegre, está acontecendo a décima edição do Fórum Social Mundial – FSM. O Rio Grande do Sul voltou a sediar esse importante encontro que vem agregando participantes de todos os continentes, milhares de militantes que contestam a ordem econômica e social vigente e lutam, em todos os quadrantes deste planeta, contra a opressão e a exclusão social.

O FSM se constituiu, nessa primeira década do século 21, no contraponto ao Fórum Econômico Mundial, reunião que ocorre anualmente desde 1971 em Davos, na Suíça, onde os magnatas debatem os rumos da economia mundial com o objetivo de melhor defenderem seus interesses, suas fortunas e seus privilégios.

Na palavra de ordem genérica “UM NOVO MUNDO É POSSÍVEL”, bandeira desfraldada pela primeira vez em 25 de janeiro de 2001, na abertura de sua primeira edição, o FSM traduzia a etapa da luta contra o imperialismo e sua mais recente invenção, o neoliberalismo. Afirmou-se a partir daí focando sua luta contra os efeitos da exploração capitalista.

Desde então até hoje o Fórum Social Mundial viajou, percorreu países e continentes, cruzou fronteiras, esticando sua presença e ecoando o seu grito. No Brasil, diversificou a atuação e penetrou nas capilaridades da realidade do povo em outras regiões, indo a cidades como Recife, Belém e Salvador.

Desmoralizado o projeto neoliberal, às voltas com a crise sistêmica que vem abalando o mundo desde 2008, a elite mundial assiste ao desmoronamento de suas teses e seus dogmas. Não consegue sustentar até a esquina mais próxima as verdades absolutas decantadas até bem pouco tempo atrás.

Atônita, abandona o discurso do tal Estado Mínimo e lança agora o apelo patético de um Estado Máximo. Mínimo para o povo oprimido e máximo para a elite privilegiada. Como que acometidos de certa amnésia histórica, os ideólogos do receituário neoliberal do “Consenso de Washington” transformam a empresa General Motors em “Governo Motors”.

Seus fiéis escudeiros locais, seguidores subservientes da agenda destrutiva conduzida pela América Latina afora, escondem agora suas cabeças de avestruzes e sua vergonha diante de uma nação que se levanta para caminhar com suas próprias pernas.

O Fórum Social Mundial, por sua vez, caminha para o amadurecimento político elevando o patamar dos desafios no campo da luta do povo. Vai se adaptando a uma nova etapa dessa luta, que é a ofensiva progressista, democrática e nacionalista. Avanço para o qual também contribuiu, com sua rica troca de experiências, opiniões e informações.

Hoje a palavra de ordem mais adequada, que melhor traduz essa nova ambiência política, é o chamamento à “UNIDADE NA DIVERSIDADE”. A vida vai nos mostrando que é preciso lutar não apenas contra os efeitos mas sobretudo contra as causas das grandes mazelas da sociedade capitalista: a exploração e a opressão de classe.

“UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL”, sim. Nas palavras de Francisco Whitaker, um dos idealizadores do Fórum Social Mundial, é preciso atualizar o slogan acima, acrescentando “NECESSÁRIO E URGENTE”.

Nós, que fazemos o Partido Comunista do Brasil, juntamente com outros patriotas e democratas de nosso país e de todo o mundo, ousamos acrescentar: “E SOCIALISTA”.

por George Câmara, petroleiro, advogado e vereador em Natal pelo PCdoB www.georgecamara.com.br