Campus Party: uma festa da internet, da cidadania e da juventude

De 25 à 31 de janeiro o Centro de Convenções Imigrantes, em São Paulo, foi palco da maior festa da internet brasileira e, pelos números de participantes, imprensa, palestras, debates, oficinas, este foi o maior evento do gênero do mundo.

Mas o que é e o que significa a Campus Party (Cparty)? Para a maior parte da imprensa, a definição variava. Hora era uma grande feira de tecnologia, hora era um grande festival nerd, um tipo de “NerdStock”.

Para quem lá esteve participando, foi além de tudo isto. Como disse Marcelo Branco, coordenador geral do evento, a Cparty reuniu os mais criativos, os mais inovadores, aqueles e aquelas que estão na vanguarda. As áreas do conhecimento digital abordadas foram as mais abrangentes: música, vídeo, fotografia, programação, blogs, podcasts, videocasts, games, robótica, modding, astronomia, matemática, educação, simulação, realidade aumentada, etc.

Conversei com Marcelo. Veja o vídeo:

Para o sociólogo e ativista do software livre Sérgio Amadeu, gerente de conteúdo da Cparty, o evento se constituiu como um grande momento de discussão e socialização de conhecimentos. Os participantes foram ali para se divertir, mas também para aprender e ensinar. Ao mesmo tempo, assuntos que estão na pauta política da sociedade também foram debatidos.

Sérgio Amadeu falou rapidamente sobre isso, em meio a toda a alegria que é característica de uma festa como essa:

Referências nacionais e internacionais nas diversas áreas estiveram presentes. Colaboradores e membros de fundações e empresas como Sun, Apache, Open Source Alliance, Microsoft, Debian, Ubuntu, OpenOffice.org, Telefônica, Linux Fundation, Associação Software Livre, entre outras. E milhares de desenvolvedores, programadores, blogueiros, músicos, artistas, designers, que entre momentos de diversão, aprendiam e ensinavam. Até o hacker Kevin Mitnick, perseguido e preso pelo FBI nos anos 90, passou por lá!

A Campus Party também trouxe para o centro do debate questões importantes para todo o Brasil. A Secretaria Especial de Direitos Humanos do Governo Federal, cujo Ministro Vanucchi esteve presente, pautou a questão do combate à violência contra crianças e adolescentes e a pedofilia, que ao contrário do que se pensa, não tem na internet o seu maior local de ocorrência, mas que é um meio que pode auxiliar no seu combate. A discussão do chamado “marco civil” da internet, da censura prévia, assunto debatido por pessoas como Eugênio Bucci, Pedro Dória, o deputado relator do chamado “AI-5 digital”, projeto do Senador Azeredo; o hacktivismo; a inclusão digital, simbolicamente representada pelo “batismo digital” de inúmeras pessoas que não tinham contato com a internet.

A preocupação em ensinar e mostrar que a internet e o software livre podem ser ferramentas para, inclusive, gerar renda, foi expressada em várias oficinas que ensinavam a trabalhar com áudios e vídeos. Em uma delas, por exemplo, o ex-pichador e grafiteiro TKS falou sobre ferramentas livres para criar imagens, vídeos, áudios, modelagens em 3D e animações. Ele, junto com um grupo de ex-grafiteiros, formou uma cooperativa e prestam serviços, além de realizar oficinas com outros jovens e adolescentes. Inclusive toda a transmissão das atividades da Cparty realizadas via internet foram tecnicamente viabilizadas por eles.

Uma cena marcou e ilustra bem o que é a democratização do acesso e a inclusão digital. Um grupo de indígenas participou de toda a Cparty, acompanhando as atividades, as oficinas, e tive a felicidade de presenciar eles entrevistando, rapidamente, o coordenador geral, Marcelo Branco. Vejam abaixo o vídeo:

A importância da Campus Party pode ser medida também pelas presenças que atraiu. A Senadora Marina Silva, a Ministra Dilma Roussef, o prefeito de São Paulo Kassab, secretários estaduais, municipais, ministros e ex-ministros, como Paulo Renato de Souza, dão uma dimensão da importância da Cparty e dos temas nela debatidos.

Encerrada no domingo, dia 31 de janeiro, a CParty se consolidou como o maior encontro das redes sociais brasileiras, local de encontro da criatividade, inovação, lazer, inteligência e juventude da internet .BR.

de São Paulo, Wladimir Crippa