Jô e bancada feminina apelam ao CNJ sobre mortes em Minas

 A deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG) anunciou hoje (11) da tribuna da Câmara que irá, com as demais integrantes da bancada feminina daquela Casa Legislativa, ao ministro Gilmar Mendes, titular do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), formalizar o pedido de inspeção em todas as unidades judiciárias do País para fazer cumprir a Lei Maria da Penha.

A iniciativa se embasa sobretudo nos reiterados registros de sumiço e de estupros seguidos de mortes de mulheres em Belo Horizonte e Região Metropolitana.

Atualmente 42 mulheres estão desaparecidas e a Grande BH vive a ameaça de um “serial killer”.
A deputada lembrou que em 2009 ela já denunciava o recrudescimento da violência contra a mulher em Minas Gerais. “Estive aqui, nesta tribuna, em abril do ano passado, registrando a dramática situação que o meu Estado, especificamente a região metropolitana de Belo Horizonte enfrentava: 21 mulheres tinham sido assassinadas, sendo nove delas naquele mês, das quais cinco na Grande BH, num período de apenas uma semana.

Matador

Jô alertou que estamos a apenas três semanas do Dia Internacional da Mulher. “Neste ano, quando se celebrará o centenário de estabelecimento da data, as brasileiras terão de se debruçar sobre o significado de um século de conquistas e sofrimentos”.

O assassinato da cabeleireira Maria Islaine de Morais, brutalmente assassinada pelo ex-marido, o borracheiro Fábio Willian Soares, também foi destacado pela deputada. Sua morte causou comoção nacional e até internacional, pois foi registrada pelas câmeras de vídeo instaladas por Islaine em seu salão de beleza, na tentativa de coibir as ameaças e agressões do ex-marido, que chegou a denunciar por oito vezes. O borracheiro estava incurso na Lei Maria da Penha, impedido de se aproximar da ex-mulher, além de ter três pedidos de prisão preventiva. Mas nada disso o impediu de invadir o salão de beleza e na frente de funcionárias e clientes deferir nove tiros contra Islaine.

“Agora temos um serial killer, um assassino que, comprovadamente, violentou e matou 3 mulheres, cujo testemunho de provas (exames de DNA) mostrou sua autoria”, relatou Jô Moraes da tribuna.

O assassinato de mulheres nesses últimos três dias, e a ocorrência de novos estupros, levaram-na a lembrar o ano de 1999- há 11 anos, quando nesse mesmo período 17 mulheres também eram assassinadas em BH região metropolitana.

Reiterando a necessidade de a sociedade organizada, de a Câmara dos Deputados “se debruçar sobre a questão da violência contra as mulheres nas ruas, nas casas,” Jô Moraes enumerou três desafios a serem enfrentados e respondidos: A defesa da Lei Maria da Penha; os equipamentos, a infra-estrutura adequada à sua implementação e, por fim, “assegurar os recursos necessários para que o aparelho policial possa ser equipado para enfrentar a criminalidade que afronta as mulheres deste País. São desafios que temos de assumir nesta Casa e nas ruas”, finalizou.

De Belo Horizonte, 
Graça Gomes