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Lula: “Dilma tem um potencial político extraordinário”

Numa antecipação de pontos que abordará durante o 4° Congresso do Partido dos Trabalhadores que consagrará neste sábado a candidatura da ministra Dilma Roussef à Presidência da República, o presidente Lula defendeu a escolha e refutou o argumento de que Dilma será candidata apenas porque as crises vividas pelo PT em 2005, ao inviabilizarem nomes como os de José Dirceu e Antonio Palocci, criaram um “vazio” no partido.

Em entrevista exclusiva publicada nesta sexta-feira pelo jornal O Estado de São Paulo, o presidente Lula fez o elogio da ministra e candidata: “Na Casa Civil ela se transformou na grande coordenadora das políticas do governo. Foi quase uma coisa natural a indicação da Dilma. A dedicação, a capacidade de trabalho e de aprender com facilidade as coisas foram me convencendo que estava nascendo ali mais do que uma simples tecnocrata. Estava nascendo ali uma pessoa com potencial político extraordinário, até porque a vida dela foi uma vida política importante (…) Estou absolutamente convencido de que ela é hoje a pessoa mais preparada, tanto do ponto de vista de conhecimento do governo quanto da capacidade de gerenciamento do Brasil”.

Heresia

Lula qualificou como “heresia” a opinião corrente nos meios de comunicação e nos círculos políticos de que a indicação da ministra Dilma faz parte de um plano de retorno do presidente em 2014. “Ninguém aceita ser vaca de presépio e muito menos eu iria escolher uma pessoa para ser vaca de presépio”. Afirmando enfaticamente que não será candidato em 2014, Lula defendeu o direito de Dilma Roussef postular a reeleição, caso vença o pleito em 2010: “Quem foi eleito presidente tem o direito legítimo de ser candidato à reeleição”.

Programa de governo

O presidente disse na entrevista que ainda não viu o programa que está em discussão no congresso do PT. E encarou com naturalidade o descompasso entre as formulações partidárias e as do governo: “Não há nenhum crime ou equívoco no fato de um partido ter um programa mais progressista do que o governo (…) O partido, muitas vezes, defende princípios e coisas que o governo não pode defender”.

Para Lula, se for eleita, Dilma não fará necessariamente um governo mais à esquerda nem mais à direita que o seu. Lula defendeu o legado do seu governo, as suas realizações, capitalizou como um patrimônio a aprovação por 72% da população, apresentou argumentos consistentes sobre a presença do Estado na economia e enfatizou que para vencer as eleições e governar é necessário concertar alianças amplas.

“O Irã não é o Iraque”

No final da entrevista, indagado sobre por que seu governo “intercede em favor do governo do Irã”, o presidente foi enfático na defesa de soluções corretas para os impasses internacionais e na condenação da guerra ao Iraque feita pelos Estados Unidos: “Porque eu acho que essa coisa está mal resolvida. E o Irã não é o Iraque e todos nós sabemos que a guerra do Iraque foi uma mentira montada em cima de um país que não tinha armas químicas que diziam que ele tinha. A gente se esqueceu que o cara que fiscalizava as armas químicas era um brasileiro, o embaixador Maurício Bustani, que foi decapitado a pedido do governo americano, para que não dissesse que não havia armas químicas no Iraque”. Lula defendeu ainda a opinião de que “a Venezuela é uma democracia”.

Leia também a íntegra da entrevista do presidente:
Lula: "Não escolheria alguém para ser vaca de presépio"