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Lula vai a Israel defender criação de Estado Palestino

Saindo do estado de alerta, provocado pela viagem do vice-presidente americano Joe Biden à região, é como o Estado de Israel receberá a primeira visita de um chefe de estado brasileiro ao país. Em sua viagem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defenderá a criação, em curto prazo, de um Estado palestino.

Quando o presidente Lula chegar a Israel, testemunhará a crescente tensão na região, após a decisão israelense de instalar mais 1.600 casas em uma nova colônia ilegal na região leste da cidade de Jerusalém. A atitude minou a possibilidade de abertura de diálogo com os palestinos e foi alvo de tímidas condenações por parte da ONU e dos Estados Unidos.

A medida foi acompanhada também pela inclusão de lugares da Cisjordânia que são considerados sagrados para a religião judaica e que serão colocados agora na lista de "patrimônio nacional" dos ocupantes.

O governo de Israel anunciou a inclusão dos túmulos de Abraão, o patriarca dos judeus, na cidade de Hebron, e da matriarca Raquel, em Belém, à lista de locais do patrimônio nacional. As duas cidades – Hebron e Belém – ficam na região palestina ocupada pelos israelenses.

Há quinze dias o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, esteve em Israel e "lamentou" o fato. Nesta sexta-feira foi a vez da secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, de manifestar uma tímida condenação a Israel.

Hillary telefonou para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, expressando sua "insatisfação" com o projeto, que fez fracassar a retomada das negociações com palestinos. Segundo a mídia americana, Hillary disse que a atitude israelense era um "sinal negativo" e que "abalou a confiança no processo de paz" na região.

A aprovação do plano israelense levou os palestinos a desistirem de retomar as negociações de paz em meio à viagem do vice-presidente americano, Joe Biden, a Israel.

A decisão, que já havia sido alvo de críticas do chanceler brasileiro, Celso Amorim, na quarta-feira, levou o Itamaraty a divulgar nota nesta sexta.

O texto afirma que o "Governo brasileiro recebeu com profunda preocupação o anúncio israelense de construção de 1.600 novas unidades habitacionais em Jerusalém Oriental e 112 moradias em assentamento na Cisjordânia".

"Profeta do diálogo"

Em artigo publicado hoje no jornal israelense Haaretz, o presidente Lula é chamado de "profeta do diálogo", pela defesa da diplomacia na busca pela paz na região. Com o título Profeta do Diálogo, o texto está na capa da edição online do jornal.

O repórter israelense Adar Primor participou de uma entrevista concedida pelo presidente brasileiro a dois jornalistas israelenses e um árabe, e diz que essa característica de Lula transpareceu até mesmo na hora de escolher quem faria a primeira pergunta: houve disputa de par ou ímpar.

Na entrevista dada em Brasília aos correspondentes dos jornais Haaretz, The Marker e da agência ANBA, o presidente Lula defendeu instituições multilaterais com mais representatividade para que suas decisões sejam respeitadas.

"Se a ONU tivesse a força de que precisa, poderia ser a grande articuladora do processo de paz no Oriente Médio. Da forma em que está hoje não pode, porque a composição atual do Conselho de Segurança já não representa a geopolítica do século 21", destacou Lula.

Precisa-se de "alguém que tenha neutralidade para falar a verdade aos israelenses, para dizer a verdade a palestinos, iranianos, sírios, e para quem queira ouvir a verdade. Eu, sinceramente, acho que falta um pouco disso nos organismos multilaterais", destacou o presidente de um país candidato a participar de forma permanente do Conselho de Segurança da ONU.

"Vejamos o que aconteceu em Honduras. A OEA (Organização de Estados Americanos) tomou uma decisão unânime condenando o golpe (de Estado de junho de 2008). E o que aconteceu? Nada! Os golpistas ficaram lá até terminar o mandato do presidente democraticamente eleito, em total falta de respeito ao fórum multilateral mais importante, a OEA", citou como exemplo.

Estado palestino

O presidente aproveitará a oportunidade, também, para reiterar apoio à constituição de um Estado palestino viável no curto prazo, para reforçar o credenciamento do Brasil como ator com influência nas questões da região e para apresentar propostas para o processo de paz do ponto de vista do governo brasileiro.

O presidente Lula embarca no sábado (13) para Israel. Ele pretende manter encontros políticos e também quer visitar locais sagrados em Jerusalém. Também irá à Palestina onde se reunirá com integrantes da Autoridade Nacional Palestina (ANP), nos dias 16 e 17. A visita ao Oriente Médio será encerrada na Jordânia.

Os ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, acompanharão o presidente Lula.

Da redação, com agências