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Videogame integrado à TV ameaça a mídia tradicional

Estamos em um período de grandes transformações na captação, preparação e distribuição de conteúdos. O potencial, em tese, é revolucionário. Mas tenho receio de fazer previsões nessa área, pelo fato de que a simples existência de novas tecnologias não é garantia de que haverá democratização no acesso e uso delas.

Por Luiz Carlos Azenha, no blog Vi o Mundo

Ao mesmo tempo em que essas novas tecnologias dão ao usuário um poder como ele nunca teve de decidir quais informações e conteúdos produzir e consumir — e como –, vivemos em um período de consolidação de grandes conglomerados midiáticos, englobando do cinema às redes de TV, da educação aos jornais e portais.

Numa sociedade capitalista, é a concentração do capital na mão de poucos que, em minha opinião, acaba determinando o uso que se fará dessas novas tecnologias. Talvez o grupo Folha perca espaço relativamente a outras empresas, mas nada garante que o que virá no lugar será melhor.

De qualquer forma, no blog Vida Digital, o Emerson Luis e o José Pissin se juntaram para fazer uma demonstração prática do potencial que a integração das mídias, através de um console de videogame, tem para mudar completamente os hábitos de consumo dos ouvintes/leitores/telespectadores.

Confira no artigo abaixo:

TV perde para DVD e jogos eletrônicos

Logo mais abaixo você verá como um videogame pode, atualmente, substituir sua TV e criar nua sua casa uma verdadeira central de exibição de notícias e vídeos. Mas antes, vamos a alguns números.

O aumento de renda do brasileiro, apontado na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), foi um dos fatores que ajudaram na mudança de hábito sobre consumo de informação no Brasil. Quanto mais renda para adquirir outros aparelhos, como DVD, video-game ou blue-ray, mais o brasileiro se afasta da imprensa conservadora. Segundo o PNAD, a renda média do brasileiro que tem ao menos um trabalho remunerado cresceu 1,7% em 2008, acima da inflação, atingindo R$ 1.019,00. De 2004 a 2008 a remuneração subiu 17,3%. Aliado a este crescimento de renda está a ampla oferta de crédito por empresas de varejo e bancos privados e públicos. O Banco do Brasil, por exemplo, oferece crédito no programa PC Conectado de até R$ 1.200,00 para a compra de computador pessoal.

O Ibope registrou que o número de domicílios com TVs sintonizadas em DVDs e games cresceu 125%, desde 2005, na faixa noturna das 18h a 00h00. Ou seja, o brasileiro que alcançou a classe média chega em casa e prefere ver filmes ou interagir, mesmo que seja com um videogame, do que ver telejornais e novelas. Em 2005 a audiência destes aparelhos foi de 1.6 ponto. Em 2009 alcançou 3,6 ou o equivalente a 1,92 milhões de lares. Nos últimos dois anos, segundo o IDC Brasil, entraram nos domicílios brasileiros 22,8 milhores de equipamentos entre desktops, notebooks e netbooks.

A medida que a tecnologia dos equipamentos avança, mais possibilidades de interação surgem com alguns cliques no joystick. O Playstation 3, por exemplo, é um dos responsáveis por este abandono da velha mídia. Além de rodar jogos, o sistema operacional do PS3 permite navegar na rede e integrar toda uma rede doméstica ao equipamento, formando uma central de entretenimento que susbtitui completamente a TV tradicional. Operando o videogame, o usuário acessa seu computador e roda um filme no momento que desejar.

Sistemas parecidos como este poderiam equipar os conversores da TV Digital? Sim. Mas imaginem se as grandes corporações de mídia desejam que, com um clique, o espectador abandone a novela para ver um vídeo no YouTube ou acessar sua conta de e-mail. Evidentemente que não. Sempre que se fala na utilidade da TV Digital, os vendedores da tecnologia citam a possibilidade de compras de produtos enquanto se assiste a TV. Os espectadores querem muito mais, conforme mostram os números acima.

Assista abaixo o vídeo feito especialmente para o Vi o Mundo pelo analista de TI José Pissin, que mostra o poder de entretenimento de um videogame e o sistema operacional embarcado. Evidentemente que o preço de um aparelho destes ainda é proibitivo no Brasil para a população brasileira. Em média, seu custo é de R$ 1.000,00 a RS 1.300,00. Bem que o governo federal poderia pensar em incluir estes equipamentos nas próximas isenções de impostos.