PCdoB debate a mulher no mundo do trabalho e nas esferas de poder
No segundo dia, o seminário nacional promovido pelo PCdoB aprofundou o debate sobre o papel da mulher na luta pelo socialismo, no mundo do trabalho e a presença nas instâncias de poder. A ministra da Secretaria das Mulheres, Nilcéa Freire, prestigiou o evento e destacou os desafios do governo federal.
Publicado 22/03/2010 19:39 | Editado 04/03/2020 17:04
O dia começou com a palestra sobre o “8 de março e a Luta pelo Socialismo”, com a presidente do PCdoB-RJ, Ana Rocha, e a socióloga Mary Castro. A mesa foi coordenada por Vanja Andréa, da UBM/AM.
Segundo Ana Rocha, “cem anos se passaram e a situação da mulher evoluiu positivamente, conquistou o direito ao voto, certa independência econômica e presença em espaços de poder e decisão. Mas sua emancipação continua inconclusa”. Para Ana, é preciso “reafirmar que o socialismo abre o caminho para a emancipação da mulher pelo novo modo de produção, nova ideologia embasada no bem estar social e combate às desigualdades e no aprofundamento da democracia”.
A socióloga Mary Castro disse que hoje em dia a luta é no campo das ideias, “na questão da ideologia, nós temos uma luta surda no cotidiano”. Para Mary, “o feminismo socialista emancipacionista se redefine considerando o momento histórico, se engajando na luta pelos direitos sexuais das mulheres, a orientação por diversidade e diferenças”.
Mary ainda abordou a questão da família. Para ela, o envolvimento de jovens com a criminalidade ou com as drogas tem como motivo o sistema capitalista e a sociedade gerada dela e não a família.
Ministra destaca os desafios
Antes do início do segundo debate, os participantes do seminário receberam com muito entusiasmo a chegada da ministra da Secretaria das Mulheres, Nilcéa Freire, que falou sobre as políticas para as mulheres no âmbito do governo federal e os desafios atuais.
Nilcéa destacou os programas e projetos implementados a partir da secretaria, “muitos feitos em parcerias com governos e instituições da sociedade civil, como a UBM”. Entretanto, para Nilcéa, apesar dos avanços ainda persistem muitas questões a serem tratadas.
“Temos o desafio de fazer com que as conquistas que obtivemos até agora cheguem a todas as mulheres brasileiras”. Nilcéa abordou ainda a questão da remuneração entre homens e mulheres e a dupla ou tripla jornada, “que nos coloca em desvantagem no mercado de trabalho”, declarou a ministra.
Debates
O segundo debate, sobre “Mulher e Trabalho: Conquistas e Desafios”, reuniu a professora do Instituto de Economia da UFRJ, Lena Lavinas, a professora da UERJ, Clara Araújo, e a Secretária Nacional da Mulher da CTB, Abigail Pereira. A mesa foi coordenada por Joselice Cerqueira, da OAB Mulher.
Segundo Lena Lavinas, hoje as mulheres trabalham menos – 37 horas para elas e 44h para eles – e estão em atividades mais precarizadas e informais. A diretora da CTB, Abigail, destacou que a Central já nasceu com caráter emancipacionista, quando incluiu a questão de gênero em seu nome, e o aumento da participação feminina no mercado de trabalho. A professora Clara Araújo defendeu a redução da jornada de trabalho e a necessidade de dar mais capacitação profissional para as mulheres.
O último debate – “O Poder das Mulheres e as Mulheres no Poder” – contou com as palestras da professora Hildete Pereira (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres) e Edna Roland (Coordenadora de Igualdade Social da Prefeitura de Guarulhos/SP). A mesa foi coordenada pela vereadora Olívia Santana.
A implementação da cota de 30% para as mulheres nas chapas que concorrem nas eleições foi positiva, segundo Hildete, para a participação das mulheres. Porém, ela defendeu que ainda é preciso aprovar o financiamento público de campanha para que todos possam concorrer com um nível de mais igualdade. Para Edna, é preciso ter um corte de raça nesta questão das cotas. Segundo ela, as mulheres negras também devem ter sua representação garantida.
O seminário nacional sobre os 100 anos do Dia Internacional da Mulher contou ainda com as presenças da vice-presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, os deputados Jô Moraes e Edmilson Valentim, a secretária de Movimentos Sociais, Lucia Stumpf, o secretário de Relações Internacionais, Ricardo Abreu (Alemão) e Augusto Buonicore, da Fundação Maurício Grabois.
No dia 21, aconteceu a reunião do Fórum Permanente da Questão da Mulher do PCdoB, que fez um balanço nacional e debateu o planejamento e a criação de uma plataforma das mulheres para as eleições deste ano.
Do Rio de Janeiro
Marcos Pereira
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