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Celso Amorim apoia Cebrapaz na luta pelo desarmamento nuclear

"O desarmamento nuclear não é só poético. Pode ser efetivado. E não há desculpas para não fazer. Conte conosco". Com esta declaração, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, recebeu o convite de Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz e do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), para participar do seminário "A Revisão do Tratado de não Proliferação de Armas Nucleares", que acontece no próximo dia 7 de abril, no Senado.

Reunião do Cebrapaz com o ministro Celso Amorim

Nesta quarta-feira (24), o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), Socorro Gomes e o vice-presidente da entidade, Paulo Guimarães, estiveram em audiência com o ministro para anunciar o propósito de realizar o evento para ampliar a discussão sobre o assunto com a sociedade.

Socorro Gomes lembrou que o seminário antecede a reunião da Organização das Nações Unidas (ONU) que tratará do tema em maio, em Nova Iorque.

O ministro opinou que o mundo pode realizar o desarmamento nuclear. Ele lembrou que "isso terá um custo, mas para manter as armas o custo é maior". Ele diz que existem planos técnicos de separação das ogivas dos foguetes, o que dificultaria uma guerra súbita. Disse ainda que é necessário o desmonte das armas táticas que estão instaladas na Europa.

Para Celso Amorim é necessário cumprir o Artigo 6 do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que exorta os países nucleares a levar a cabo negociações a fim de eliminar completamente as armas nucleares.

Também lembrou que os 13 passos para alcançar o desarmamento nuclear, acordados pelos Estados Parte do Tratado na Conferência de Revisão de 2000, não foram cumpridos. Socorro Gomes mencionou o Apelo de Estocolmo, lançado pelo Conselho Mundial da Paz há 60 anos.

Na época, o documento mobilizou o movimento pacifista angariando 600 milhões de assinaturas, sendo 4 milhões no Brasil. Ela disse que o apelo é atual e que não pode haver não-proliferação sem desarmamento, destacando que os instrumentos para a não-proliferação já existem, o que faltam são medidas para o desarmamento. Ao mesmo tempo, destacou que a não-proliferação não pode servir de achaque contra os países que querem desenvolver a tecnologia nuclear para fins pacíficos.

A presidente do CMP e do Cebrapaz também lembrou que os Estados Unidos continuam sendo o maior entrave para o desarmamento nuclear. Ao mesmo tempo que quer impedir outros países de desenvolver a tecnologia, os EUA aprovaram um aumento do orçamento militar, que servirá para manter e modernizar suas armas nucleares.

O senador Inácio Arruda destacou a importância de ampliar odebate sobre o assunto com a sociedade para respaldar a posição brasileira e criticou aqueles que se opõem à política externa do governo Lula, "uma política de sucesso", afirmou.

O Seminário sobre a Revisão do Tratado de não Proliferação Nuclear, promovido pela Comissão de Relações Exteriores do Senado (CRE) em parceria com o Cebrapaz, a Fundação Alexandre de Gusmão e a UNB, será realizado em dois painéis: "O desarmamento e a não proliferação nuclear frente à Conferência de revisão do TNP" e "O desenvolvimento científico e tecnológico da energia nuclear e seu papel no cenário internacional".

O seminário reunirá nomes e instituições ligadas ao tema como o embaixador Sérgio Duarte Queiróz, Alto Representante para as Questões de Desarmamento nas Nações Unidas, Odair Dias Gonçalves, presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e Jackie Cabasso, coordenadora para os EUA da organização Prefeitos pela Paz e ativista da luta pela abolição das armas nucleares, entre outros.

Da sucursal de Brasília,
Márcia Xavier