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 Entidades e partidos do DF fazem ato contra pedido de intervenção

 A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – seção Distrito Federal – e outras 54 entidades da sociedade civil darão nesta quinta-feira, às 16h, um abraço simbólico no Supremo Tribunal Federal (STF). O ato marca a entrega do manifesto contra o pedido de intervenção no Distrito Federal ao presidente do STF, ministro Gilmar Mendes.

As entidades se uniram em um movimento contrário à intervenção federal pedida pela Procuradoria-Geral da República. Entre as organizações estão partidos políticos, associações comunitárias e representantes do setor produtivo e comercial. Integrantes de todas as entidades estarão na Praça dos Três Poderes, em frente ao Supremo, para participar do ato.

Supremo

Mendes disse na terça-feira que pretende decidir até o dia 23 de abril sobre o pedido de intervenção federal no governo do Distrito Federal, apresentado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Como Mendes deixa a presidência do STF no dia 23, o ministro disse que sua disposição é levar a questão ao plenário da Corte até a data.

"Pretendo [decidir antes de deixar o cargo]. Se eu não conseguir levar ao plenário até 23 de abril, certamente o ministro [Cezar] Peluso continuará relator. O presidente continuará relator, neste caso o ministro Peluso. Se houver condições, eu pretendo julgar antes", afirmou.

Peluso vai assumir a presidência do STF como a saída de Mendes. Pela Constituição Federal, o presidente da Corte tem a prerrogativa de analisar pedidos de intervenção federal. Mendes pode arquivá-lo imediatamente ou levá-lo para análise do plenário do tribunal –como sinalizou que pretende fazer.

Se o STF acatar a intervenção, o pedido segue para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que terá que editar decreto nomeando um interventor federal para o DF. Se isso ocorrer, o decreto terá que ser analisado pelo Congresso no prazo máximo de 24 horas.

A Câmara do DF, porém, vai realizar eleições indiretas para escolher o novo governador do Distrito Federal depois que o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) cassou o mandato de José Roberto Arruda (sem partido). Como o ex-vice-governador Paulo Octávio (sem partido) também deixou o cargo, houve o entendimento de que novas eleições devem ser realizadas.

O pedido de intervenção, porém, não tem ligação com a eleição indireta. Mendes disse que novos desdobramentos do mensalão do DF, como a inclusão do deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE) entre os suspeitos de participação no esquema, também não mudam a análise do caso.

"Menção a um nome ou outro não é prova, nem sequer indício. Vazamento de um nome não significa nada. Estamos analisando o conjunto desses fatos para ver se, de fato, podemos caminhar no sentido positivo da intervenção, que é medida extremamente grave, ou se a vida institucional do Distrito Federal está já num quadro de normalidade que dispensa a intervenção", afirmou Mendes.

Intervenção

Segundo o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o pedido de intervenção se justifica porque há no governo do DF uma "verdadeira organização criminosa" comandada pelo governador cassado.

Toda a linha sucessória de Arruda, segundo Gurgel, estaria envolvida nas denúncias, assim como grande parte da Câmara Legislativa do DF –o que coloca o atual governo sob suspeita.

Pela primeira vez desde que assumiu o governo do Distrito Federal, Wilson Lima (PR) se reuniu na última quinta-feira com Mendes para discutir a intervenção. Apesar de manter o teor do encontro em sigilo, o governador foi ao Supremo acompanhado do procurador do Distrito Federal, Marcelo Galvão, e do consultor jurídico do governo do DF, Eduardo Roriz.

Por meio de assessores, Lima reiterou sua posição contrária à intervenção federal no DF por considerar que as instituições estão em seu "funcionamento normal, o que descartaria a necessidade de nomeação de um interventor para governar o Distrito Federal até o final do ano".

Com informações da Folha Online e Agência Brasil