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Brasil e Reino Unido assinam acordo para jogos de Londres

O ministro do Esporte do Brasil, Orlando Silva Júnior, a ministra britânica Tessa Jowell participaram do seminário “Brasil-Reino Unido: Troca de Experiências – Olimpíadas e Copa do Mundo”, nesta quinta-feira, no Rio, como parte de parceria entre os dois governos para estreitar laços entre as cidades que realizam grandes eventos esportivos.

Por Sueli Scutti, para o Ministério do Esporte

A parceria, que começou quando o Rio disputava o direito de sediar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, teve mais uma etapa nesta quinta com a assinatura do “memorando de entendimento” entre os governos do Brasil e do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte sobre “cooperação para desenvolver legados econômico, comercial e de reputação” como anfitriões dos Jogos Olímpicos.

O acordo, conhecido como host-to-host (de anfitrião para anfitrião), tem como objetivo maximizar as oportunidades de negócios e investimento, a troca de informações e boas práticas entre os países envolvidos na realização de eventos esportivos de grande porte como Jogos Olímpicos e Copa do Mundo e fornecer assistência às autoridades no desenvolvimento de seus legados como anfitriões dos Jogos. Londres 2012 iniciou esse tipo de cooperação ao firmar acordos com governos centrais de outros países com cidades sedes de Jogos Olímpicos, como o Canadá (Vancouver 2010), a Rússia (Sótchi 2014) e agora o Brasil (Rio 2016).

Entre as razões para o estabelecimento do acordo, o documento menciona que o governo do Brasil “está determinado a fazer do planejamento, da preparação e realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016 uma oportunidade para contribuir com o fortalecimento, a prosperidade e a diversidade da economia brasileira e construir consistente legado com grandes benefícios esportivos, sociais, culturais e educacionais; e, portanto, deseja promover as oportunidades mais abrangentes nesses campos”.

Cita ainda que o governo britânico, por meio da Agência de Promoção e Comércio de Investimentos do Reino Unido (UKTI) e do Ministério de Negócios, Inovação e Capacitação, tem a intenção de compartilhar informações sobre estratégias e programas para potencializar o desenvolvimento comercial e os investimentos em seu país resultantes dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2012; facilitar e desenvolver laços comerciais entre os dois países por meio de recepção de missões comerciais do Brasil e de facilitação de eventos para a consolidação de redes de contatos entre empresas brasileiras e britânicas a fim de apoiar e estimular investimentos e empreendimentos conjuntos; promover oportunidades de investimento e negócios relativos aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016; e ainda criar oportunidades semelhantes para empresas brasileiras e britânicas.

O ministro Orlando declarou que “uma grande lição Londres já nos deu: a necessidade de planejamento meticuloso”. Tessa Jowell afirmou que “nenhuma cidade realiza os Jogos Olímpicos apenas pela glória de ter um bom resultado esportivo, mas também pela oportunidade de cuidar de seu desenvolvimento”, lembrando que Londres optou por concentrar o parque olímpico na região leste da cidade, área muito degradada que está passando por intenso processo de regeneração com os preparativos para o evento olímpico.

A ministra Tessa está no Brasil acompanhada por uma missão empresarial que inclui 12 companhias britânicas dos setores de arquitetura, engenharia e serviços de infraestrutura – todas envolvidas na realização das Olimpíadas de Londres e em busca de parcerias para atuar no planejamento e na execução de projetos relacionados à Copa de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016.

Além do seminário, a comitiva participa de rodadas de negócios em São Paulo e Rio de Janeiro para que as companhias britânicas possam apresentar seu trabalho ao mercado brasileiro. As empresas trazem na bagagem experiência em segurança, gerenciamento de riscos, sustentabilidade, design ambiental e diversos outros temas.

A ministra Tessa Jowell esteve no Brasil em novembro de 2008 para formalizar a implantação do projeto Inspiração Internacional, já em desenvolvimento em quatro estados brasileiros: Pernambuco, Alagoas, Ceará e Bahia. Na época ela se encontrou com o ministro Orlando Silva Júnior, em Recife, para lançar o piloto do projeto, e teve reuniões, no Rio, com o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, e outros integrantes da candidatura brasileira. Idealizado pelos organizadores dos Jogos Olímpicos de Londres e liderado pela UK Sports, em nome do Ministério dos Esportes do Reino Unido, o projeto tem como base o tripé esporte, educação e desenvolvimento, e está sendo implantado em cinco países: além do Brasil, foram escolhidos Azerbaijão, Índia, Palau e Zâmbia.

O Inspiração Internacional utiliza o esporte como ferramenta de transformação social e foi um compromisso assumido pelas autoridades britânicas, na época da candidatura de Londres, de estimular a prática esportiva em regiões carentes de diversas partes do mundo, levando a inspiração de Londres 2012 para estender os benefícios olímpicos para além dos Jogos.

Relação com britânicos se estreitou com candidatura Rio 2016

Além de ter recebido a ministra Tessa, o governo brasileiro participou, durante a candidatura do Rio, de dois encontros com autoridades britânicas, dirigentes esportivos e representantes de empresas do Reino Unido para apresentar seu projeto olímpico e sua visão de legado. Ambos se realizaram no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo. O primeiro ocorreu em novembro de 2008, quando o Ministério do Esporte brasileiro apresentou o projeto de legado da candidatura da cidade. O encontro teve a presença do cônsul geral britânico Martin Raven e de uma comitiva de empresários formada pelo UK Trade & Investment, organização do governo britânico que apoia exportações e parcerias de empresas do Reino Unido no mercado internacional e dá suporte a companhias estrangeiras que desejam investir na Grã-Bretanha.

No encontro, foi apresentado um resumo dos projetos de legado e as idéias centrais de um grande programa de revitalização urbana na cidade do Rio, com foco na região portuária, abarcando Maracanã, Tijuca e outros bairros. Os projetos apresentados abarcam legados urbanísticos, ambientais, esportivos, econômicos, sociais e educacionais, entre outros.

O embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Collecott, que marcou presença no evento, fez uma comparação emblemática sobre os dois países: “Vivemos momentos semelhantes. Nós realizamos os Jogos da Comunidade Britânica e vocês realizaram o Pan. Nós estamos organizando as Olimpíadas e vocês lutam para trazê-la. Vocês vão realizar a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e nós queremos fazê-la em 2018”.

Mesa-redonda em São Paulo

Já em março de 2009, o Ministério do Esporte participou de uma mesa-redonda com o secretário de Estado do Ministério de Indústria e Comércio do Reino Unido, Lord Mandelson, e mais 15 representantes de empresas britânicas envolvidas nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Londres 2012. Sob o tema “Impacto econômico de grandes eventos esportivos no Brasil”, foram abordados o crescente desenvolvimento do setor esportivo brasileiro, os legados e as possibilidades de negócios que a experiência de sediar grandes eventos do esporte mundial pode propiciar ao país que os realiza. O encontro também foi aberto pelo cônsul geral britânico Martin Raven.

Na ocasião, Paula Sanches, representando o secretário de Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, explicou a estratégia federal de inserir o Brasil no circuito de grandes eventos esportivos internacionais, e apresentou o projeto Rio 2016. O grupo empresarial abordou questões como planejamento e, sobretudo, como a sociedade pode aproveitar as oportunidades que os Jogos Olímpicos estão levando a Londres e poderão trazer ao Brasil. No final das palestras, o secretário Mandelson encorajou a realização de parcerias entre o Reino Unido e o Brasil, seja para Londres 2012, seja para a Copa do Mundo de 2014. Parcerias que ganharam mais oportunidades com os Jogos Rio 2016.