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Paulo Henrique Amorim: discurso de Serra é o fim do paulistismo

O Serra não vai ser contra o Lula. Não vai ser contra a Dilma. Não vai ser contra o Fernando Henrique. Não vai ser contra o passado. Não vai ser a favor da luta de classe (ou seja, chegamos ao comunismo, com o fim das classes sociais).

Por Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada

Não vai ser contra o Estado. Não vai ser contra a privatização (especialmente da Vale, por que lutou tanto, segundo o FHC). Não vai ser contra o Nordeste. (Especialmente os nordestinos alagados na periferia de São Paulo.) Não vai ser a favor das “falanges de ódio” (o Lacerda gostava muito dessa expressão). Não vai ser do “nós contra eles” (como se ele pudesse determinar isso).

Ele é a favor de quê? Do “Brasil não tem dono”. Ele é a favor do “Brasil pode mais”. Ou seja, o que tem de novo é do Obama. Até o hino da campanha é um plagio do hino do Santos, como diz amigo navegante Fernando.

Não fosse a Ana Hickman, aquele seria um jantar de confraternização dos 50 anos de formados na escolinha dos tucanos, na Sociologia da USP. Os tucanos de São Paulo gastaram o arsenal. Eles não têm nada a declarar. E quando abrem a boca são incapazes de uma frase bem construída, um slogan inteligente.

Os tucanos não conhecem a metáfora (deveriam ler Borges). Daquela toca não sai mais coelho. O Fernando Henrique dilapidou toda a munição do Cebrap (financiado, o Cebrap, pela CIA, diga-se de passagem).

Serra vai ser candidato com as armas que sempre usou. A arma mais poderosa é o PiG, especialmente a Globo (e, por extensão, o Globope), a quem prestou recentemente serviço inestimável: agasalhar um terreno invadido há 11 anos. Ou seja, Serra, no palanque faz o papel de santinho do pau oco, e o PiG, pelas costas, apunhala o Lula.

Outra arma (mais poderosa, antes da internet) é o jogo sujo, desleal, como foi a destruição da candidatura da Roseana Sarney, em 2002. Ou, como diz o Ciro Gomes, Serra numa campanha é garantia de baixaria; ou, se for preciso, o Serra, que não escrúpulo, passa com um trator por cima da mãe.

Prevalece hoje e sempre aquela pergunta do filosofo Paulo Arantes, numa sabatina na Folha: o que pensa esse (o Serra) rapaz? A resposta é: nada.