Há 38 anos: segue o resgate dos heróis da Guerrilha do Araguaia
Em 12 de abril de 1972, o PCdoB começou a ocupação na região do Araguaia com o objetivo de criar condições para resistir e derrubar a ditadura militar instalada desde o golpe de 1.964. A Guerrilha do Araguaia foi brutamente reprimida e marca, até hoje, a maior operação já realizada pelas forças armadas para reprimir um movimento no país. No vídeo abaixo, você confere os esforços do Ministério da Justiça para recolher e identificar as ossadas dos guerrilheiros assassinados no período.
Publicado 12/04/2010 13:09
Mais de três mil homens foram mobilizados pelo exército para tentar deter cerca de 100 guerrilheiros que viviam embrenhados na mata. Apenas nove deles sobreviveram à tortura, perseguição e brutalidade do Exército. O apoio e a ajuda dos moradores da região foram imprescindíveis para a resistência heróica.
Embora a Guerrilha do Araguaia marque um dos episódios mais importantes da História do Brasil, ela ainda é uma desconhecida de grande parte da população. Um dos sintomas deste desconhecimento pode ser visto no vídeo acima: o PCdoB nunca pensou em criar uma província independente no interior do país, como fala, equivocadamente, a jornalista Vera Carpes sobre os objetivos do partido com a Guerrilha.
Ossadas
O governo ainda guarda em seus armários dez ossadas retiradas de cemitérios do sul do Pará e norte do Tocantins, região onde ocorreu a Guerrilha do Araguaia (1972-1975). A Secretaria de Direitos Humanos recentemente reconheceu oficialmente a ossada de Bergson Gurjão Farias, morto em 1972 num combate com o Exército. A ossada foi retirada em 1996 do cemitério de Xambioá.
A ex-guerrilheira e jornalista Regilena Carvalho disse que espera a identificação das demais ossadas guardadas no Ministério da Justiça, em Brasília, e a entrega às suas famílias. “Existem outras ossadas que não podem ser esquecidas em caixas de arquivo sob custódia da Comissão de Mortos e Desaparecidos.” Uma das sobreviventes da guerrilha, ela perdeu o marido, Jaime Petit, e os cunhados Lúcio e Maria Lúcia Petit.
Uma das ossadas guardadas no Ministério pode ser do economista gaúcho Paulo Mendes Rodrigues, morto no Natal de 1973. Em 2001, quando a ossada do chefe do Destacamento C da guerrilha foi retirada do cemitério de Xambioá, moradores da cidade disseram que se tratava de Rodrigues. Ele foi um dos mais conhecidos guerrilheiros da região de São Geraldo do Araguaia. O guerrilheiro tinha um sítio no povoado de Caianos.
Leia abaixo a poesia feita por guerrilheiros do Araguaia alusiva ao início dos combates no dia 12 de abril de 1972.
Nem tudo é ludo Quando abril nos desce Nem tudo é luto. Quando abril floresce Nem tudo é susto Quando abril se tece.
Nem tudo é ludo
Quando abril nos desce
Nem tudo é luto.
Quando abril floresce
Nem tudo é susto
Quando abril se tece.
1792:
A corda, o patíbulo
(A história tece o seu fio)
Tomba o valente alferes.
E abril?
E abril, o que nos traz então?
Lição.
1964:
Bandidos
Assaltam o sono e o
Sonho do povo:
O medo ruge nas praças.
E abril?
E abril, que nos traz então?
Prisão.
1972
Como toda noite funda
É esperança de manhã
No Araguaia raia a luta.
E abril?
E abril, que nos traz então?
Clarão.
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