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EUA: déficit comercial cresce e sinaliza recuperação do consumo

O déficit comercial dos EUA subiu 7.4%, para 39,7 bilhões de dólares, em fevereiro deste ano. Em curto prazo, o resultado pode ser considerado uma boa notícia para a economia mundial, pois reflete a recuperação do consumo no maior mercado importador do mundo, o que estimula o comércio mundial.

Segundo informações divulgadas nesta terça (13) pelo Departamento do Comércio do país as exportações de bens e serviços somaram US$ 143,2 bilhões, subindo 0,2% em relação ao mês anterior, enquanto as importações, de US$ 182,9 bilhões, cresceram 1,7%. O saldo negativo aumentou em 13,2 bilhões de dólares em relação a fevereiro do ano passado. Em janeiro, o rombo, revisado, ficou em US$ 36,95 bilhões.

Petróleo

A balança registrou em fevereiro um forte aumento das importações de bens de consumo e matérias-primas industriais, que superaram a queda na compra de petróleo para o menor nível em 11 anos. O déficit real, ajustado à inflação, que os economistas utilizam para avaliar o impacto do comércio no Produto Interno Bruto (PIB), subiu para US$ 42,45 bilhões em fevereiro, de US$ 40,93 bilhões em janeiro, disse o Departamento do Comércio.

As importações de petróleo cederam em fevereiro para US$ 17,74 bilhões, de US$ 18,12 bilhões em janeiro. Em termos de volume, as importações de petróleo recuaram para 243,31 milhões de barris, o menor volume desde fevereiro de 1999. Os EUA pagaram US$ 23,04 bilhões por todos os tipos de importações relacionadas à energia em fevereiro, abaixo dos US$ 24,68 bilhões de janeiro.

China

O déficit comercial dos Estados Unidos com a China caiu para US$ 16,51 bilhões em fevereiro, atingindo o menor nível desde março de 2009. Em janeiro, o déficit dos EUA com o país estava em US$ 18,30 bilhões. As exportações para a China cederam para US$ 6,86 bilhões em fevereiro, de US$ 6,89 bilhões em janeiro, enquanto as importações recuaram para US$ 23,36 bilhões em fevereiro, de US$ 25,19 bilhões em janeiro. As importações da China ficaram em fevereiro no menor nível desde maio de 2009.

O déficit comercial dos EUA com o Canadá recuou para US$ 2,78 bilhões, de US$ 3,89 bilhões em janeiro. Mas com outros grandes parceiros, o déficit dos EUA ampliou-se. Com o Japão, subiu para US$ 4,30 bilhões, de US$ 3,35 bilhões em janeiro. O déficit comercial com a zona do euro subiu para US$ 4,28 bilhões em fevereiro, de US$ 2,94 bilhões em janeiro; o déficit comercial com o México subiu para US$ 4,77 bilhões, de US$ 4,62 bilhões em janeiro, segundo a agência Dow Jones.

Bens de consumo

A expectativa dos economistas era de que o déficit comercial dos EUA crescesse em fevereiro para cerca de 38,5 bilhões de dólares. A quantidade de importações de bens como produtos farmacêuticos, eletrônicos, brinquedos e roupas, e de serviços estrangeiros como viagens (contabilizados na balança comercial), foi a maior desde outubro de 2008. As importações de suprimentos à indústria e de materiais foram as maiores desde novembro de 2008.

A diminuição do déficit comercial com a China retira força dos políticos norte-americanos que pressionam por medidas protecionistas de retaliação contra o país. Os dados mensais da China mostraram no sábado que o país teve déficit comercial de 7,24 bilhões de dólares em março, a primeira vez que sua balança esteve no vermelho desde abril de 2004.

Ao mesmo tempo em que contribui para a recuperação da economia mundial, o déficit comercial estadunidense, expressão de um consumismo parasitário, reproduz um padrão de comércio desequilibrado que é insustentável em médio prazo e esteve na raiz da recessão iniciada em dezembro de 2007 nos EUA, sendo dali exportada para todo o mundo. O rombo em conta corrente decorrente do desequilíbrio comercial precisa ser financiado com dinheiro alheio, o que promove o agigantamento da dívida externa do país e provoca fortes perturbações sobre o fluxo internacional de capitais.

Da redação, Umberto Martins, com agências