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FMI confessa fracasso ao recomendar controle de capitais

Pela segunda vez ao longo deste ano, o FMI voltou a defender o controle do fluxo de capitais estrangeiros pelas nações a fim de prevenir futuras crises financeiras. A recomendação consta do documento intitulado Estabilidade Financeira Global, divulgado nesta terça (13), e embute uma confissão envergonhada do fracasso das receitas impostas pela instituição no passado aos países endividados do então chamado 3º Mundo.

Agora, os economistas do Fundo admitem que o controle de capitais pode ser necessário para lidar com o excesso de liquidez nos mercados de capitais, que tende a provocar instabilidade cambial e uma valorização artificial da moeda do país receptor, como parece ser o caso do Brasil. O controle, de acordo com o estudo, tende a aumentar o tempo de permanência do capital estrangeiro no país.

Causa de muitas desgraças

A mudança de opinião do Fundo ocorreu em fevereiro e foi explicitada através de outro documento divulgado na ocasião. Nele, os economistas constataram que os países que recorrem ao controle de capitais (como China e Malásia, entre outros) tiveram melhor desempenho durante a crise.

O livre fluxo de capitais, transformado em dogma neoliberal pelo FMI em passado recente, foi apontado pelo economista Joseph Stigritz como causa de graves problemas econômicos e sociais em vários países da Ásia em 1997. Motivou fome e revoltas na Indonésia e recessão na Coréia do Sul, entre outras misérias.

No Brasil, o monitoramento da economia pelo Fundo, visando a aplicação de um ajuste cujo único objetivo era garantir o lucro dos credores, nos roubou anos de desenvolvimento. Onde o FMI se meteu a desgraça chegou a galope. A culpa do Fundo, que ainda hoje não passa de um instrumento neocolonial do imperialismo, não é pequena.

FMI não mudou

Apesar da nova orientação em relação ao fluxo internacional do capital, a instituição continua pregando o câmbio flutuante, política fiscal restritiva e juros altos para os países mais pobres, pois aos ricos não ousa propor nada. Os EUA acumulam dívidas monstruosas, praticam taxas de juros negativas e o que faz o FMI? Nada. Nem resmunga.

O esforço para aparentar mudanças é notório, mas efetivamente o órgão tem hoje o mesmo caráter de antes. Continua dominado pelos Estados Unidos e as potências europeias. É guardião de uma ordem econômica injusta e caduca, que (como ele) não admite nem requer reforma. Precisa ser substituída. E o quanto antes melhor.

Da redação, Umberto Martins