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Foram criados 657 mil empregos no primeiro trimestre, um recorde

O forte crescimento da economia nacional resultou na geração de 657 mil empregos nos primeiros três meses deste ano, um recorde histórico segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta quinta-feira pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Em março foram abertos 266,4 mil novos postos de trabalho.

O saldo do trimestre superou em 19% a melhor marca para o período (2008) e foi resultado de três recordes seguidos nos primeiros meses do ano. As 266.415 vagas criadas em março ultrapassaram as 204 mil de 2008 e ficaram na melhor colocação para o mês desde o início da série em 1992.

Expansão do PIB

A performance do mercado de trabalho é o melhor e mais seguro indicador de que a economia nacional superou rapidamente os efeitos da crise mundial do capitalismo, exportada pelos EUA. A indústria e a agricultura, em função da dependência do mercado externo, foram os setores mais afetados, enquanto as atividades de comércio e serviços praticamente não conheceram a recessão.

Os números do Caged e das entidades representativas da indústria indicam que o país já voltou ao nível de emprego observado antes da crise. Quase todos os indicadores sugerem a continuidade de um vigoroso crescimento. Muitos economistas apostam numa expansão superior a 6% do PIB.

Perigo

O perigo vem do Banco Central, que promete sabotar a festa do crescimento do governo Lula elevando a taxa de juros, de forma a inibir o consumo e os investimetnos, sob o pretexto de que o ritmo da produção está extrapolando o potencial de crescimento do PIB.

Para que as expectativas otimistas não sejam frustradas, o ministro Lupi faz um desabafo. "Eu torço, trabalho e luto para que o juro não seja elevado. Subir os juros será matar a galinha dos ovos de ouro, que é a produção. Quanto mais produzir, o empresariado vai contratar para atender à alta demanda interna e, agora, também para suprir o retorno das exportações", agregou.

O Comitê de Política Monetária do BC (Copom) deve elevar a taxa básica de juros (Selic) entre 0,5% a 0,75% em sua próxima reunião, que deverá ser realizada no dia 27 de abril, a julgar pela ata da sua última reunião e pelas apostas do mercado financeiro no mercado futuro.

Novo recorde

O resultado de fevereiro foi bem superior ao do ano passado (9.179). A marca dos 209.425 superou os 204.963 criados em 2008 e ficou na melhor posição registrada pela pesquisa no mês. Em janeiro, as 181.419 novas vagas também contribuíram para a maior marca da série.
O ministro do Trabalho espera novo recorde em abril. Segundo ele, a expectativa é terminar o mês com 340.000 novas vagas. O maior número havia sido registrado em 2007, com 302.000 empregos.

Em março, os 25 subsetores de atividade econômica expandiram o nível de emprego, com recorde em 15 deles. Seis estados brasileiros tiveram saldo negativo de vagas. Segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, a perda de postos nessas regiões foi fruto de fatores sazonais na agropecuária.

São Paulo foi o estado com maior número de novas vagas: 125.189. Entre os setores, a maior contribuição para o recorde veio de serviços, que criou 106.396 empregos formais.
O ministro destacou a forte contribuição da indústria de transformação para o resultado do trimestre. O setor teve a segunda maior variação na comparação 2009-2010 no período, atrás apenas da construção civil. Também houve contribuição do setor exportador por conta da retomada da economia mundial.

Salários também crescem

O aquecimento do mercado de trabalho também favorece a negociação de melhores salários pela classe trabalhadora, tanto individualmente quanto coletivamente, uma vez que é menor a pressão dos desempregados sobre a oferta de mão-de-obra, fator que força para baixo o valor da força de trabalho.

Os dados do Caged de março mostram aumento real de 4,37% nos salários médios de admissão na comparação com o mesmo período de 2009. Conforme o Ministério do Trabalho, os salários subiram de R$ 782,50 para R$ 816,70 em um ano, na referência do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) médio do primeiro trimestre de 2010.

A expectativa do governo é fechar 2010 com o maior número de vagas criados em um ano. A meta é dois milhões de novos postos de trabalho, mas Lupi acredita em um resultado ainda melhor, se o Banco Central não continuar jogando pedra no caminho do desenvolvimento nacional.

Umberto Martins, com agências