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Ibas quer concluir Doha e reformar Conselho de Segurança

O documento final da 4ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do Ibas (grupo composto por Índia, Brasil e África do Sul) — Declaração de Brasília — defende uma reforma urgente na Organização das Nações Unidas, que aumente a representatividade dos países em desenvolvimento, especialmente no que se refere ao Conselho de Segurança da ONU e à conclusão da Rodada de Doha.

Segundo a declaração, "nenhuma reforma das Nações Unidas será completa sem uma reforma do Conselho de Segurança, incluindo uma ampliação tanto dos assentos permanentes quanto nos assentos provisórios, com maior participação dos países em desenvolvimento".

Doha é tarefa inadiável

"Concordamos que a conclusão da Rodada de Doha é uma tarefa inadiável, pois ela nos ajudará a corrigir as anomalias que ainda afetam o comércio internacional", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante ato que divulgou a declaração conjunta.

O Ibas também afirma que a rodada tem grande importância, em um momento em que as pressões protecionistas estão aumentando mundialmente. Sobre a crise internacional, os três países afirmam que houve forte impacto na economia global e, por isso, instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial devem aumentar seus empréstimos às economias mais afetadas.

Intercâmbio ampliado

Lula disse que o intercâmbio comercial entre os três países quadruplicou nos últimos sete anos, chegando a US$ 12 bilhões em 2009. Segundo ele, todos reagiram à crise internacional apostando no comércio e no investimento.

"Nossas economias são movidas pelo crescimento do mercado interno e pela inovação das nossas empresas. É hora de promover uma maior participação do pequeno e médio empreendedor no Ibas", afirmou.

Aumentar comério

Lula defendeu, durante encontro com o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, a criação de mecanismos para ampliar as relações comerciais entre os dois países. Lula demonstrou preocupação com a pequena queda no comércio bilateral ocorrida no ano passado por causa da crise econômica mundial.

Lula manifestou também interesse em aumentar os negócios entre com a África do Sul, principalmente nas áreas de defesa, agricultura e ciência e tecnologia.

Lula e Zuma destacaram ainda a necessidade de maior interlocução entre os dois países em relação ao G20, formado pelas 20 maiores economias mundiais.

O presidente sul-africano demonstrou também sintonia com a posição brasileira em relação ao Oriente Médio, especialmente no que diz respeito ao Irã e à Palestina, destacaram fontes ligadas ao Itamaraty.

Auxílio ao Haiti

Os três países também se comprometem a continuar colaborando em diversas áreas, como o combate à pobreza em lugares como o Haiti, que receberá mais US$ 2 bilhões do fundo Ibas para sua reconstrução. Durante a cúpula, os chefes de Estado decidiram ainda desenvolver em conjunto dois satélites — um para estudos climáticos e outro para a observação da terra. Segundo Lula, os satélites vão beneficiar Brasil, África do Sul e Índia, além de outros países, a partir de avanços nos setores de agricultura, navegação, transporte aéreo e comunicações.

"Vão também reforçar o trabalho dos centros espaciais dos nossos três países. É o projeto-símbolo da nova etapa da nossa parceria", disse Lula.

Para o presidente brasileiro, que presenteou os dois colegas com selos comemorativos à Cúpula de Brasília e aos 50 anos da capital, os três países assinaram acordos "em setores estratégicos" para o futuro da parceria trilateral, como ciência, tecnologia, inovação e energia solar, além do intercâmbio de programas de inclusão social.

Da redação, com agências

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