Messias Pontes – É lamentável o que estão fazendo com o Ciro

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O tratamento dispensado pelo Planalto, pelo PT e pelo próprio PSB ao deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) é simplesmente lamentável e até equivocado. Lamentável porque é desleal, pois ele prestou relevantes serviços ao País e ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Integração Nacional, devotando uma fidelidade canina. Equivocada porque a candidatura dele a presidente da República mais ajuda que prejudica a da petista Dilma Rousseff.

É correta a pretensão do presidente Lula de querer transformar a disputa presidencial em eleição plebiscitária. De um lado, querendo manter a política do atual governo e fazê-la avançar mais ainda estão Dilma e Ciro; do lado oposto, representando o que há de mais retrógrado no País e o verdadeiro retrocesso, está o tucano José Serra, candidato das oligarquias e da grande mídia conservadora, venal e golpista.

A eleição presidencial deste ano talvez seja a mais acirrada de todos os tempos. Isto porque as oligarquias, ora representadas pelo demotucanato, com o ex-governador paulista José Serra à frente, fará de tudo para retornar ao podre central. Para tanto já começou o jogo sujo, desonesto, desqualificado, imoral, aético, contando não só com a sua mídia, mas também com aliadas de triste memória: as viúvas da ditadura militar.

Bem ao estilo Serra, um bem remunerado batalhão anti-Lula está enchendo as caixas de emails com as maiores baixarias contra o presidente Lula, o seu governo e a sua candidata. Isto sem falar na manipulação das pesquisas que já começou e vem ganhando as manchetes de primeira página dos jornalões brasileiros. O Serra não bate, mas manda bater. Quem não se lembra do que foi feito com a então candidata Roseana Sarney, em 2002?

Serra joga sujo. Ninguém melhor que Ciro para desmascará-lo, pois ele já habitou o ninho tucano e sabe muito bem como ele funciona. O Ciro não manda ninguém bater. Ele sabe bater e bate de frente. Mesmo com pouco tempo de rádio e televisão, Ciro é o único que pode acabar com o Serra num debate televisivo entre os candidatos, sem baixar o nível.

Além do mais, sua candidatura é uma opção para os milhões que não querem votar nos candidatos do PT e do PSDB. Meu neto Thiago tirou o título semana passada e, orgulhoso, me disse: “vovô, agora sou cidadão e quero votar no Ciro”. Ele não se conforma com o que estão fazendo com o candidato dele. Não é justo.

Ciro e Dilma participaram do governo Lula e falarão a mesma linguagem. Ambos querem manter as conquistas obtidas nos últimos sete anos e pretendem avançar mais ainda. Ambos vão mostrar os avanços e também o retrocesso que representa o demotucanato. Vão mostrar que os neoliberais, tendo à frente o Coisa Ruim, quebraram o Brasil três vezes, criminalizaram e reprimiram os movimentos sociais, e ficaram de quatro para o FMI.

Ciro e Dilma vão dizer que a falta de investimentos causou o apagão de 2001 e que a eleição de Serra pode causar outra tragédia ao País.Dilma e Ciro vão usar a mesma linguagem ao mostrar que os neoliberais causaram o maior desemprego na história do Brasil, tendo sido criados apenas 780 empregos nos oito anos dos neoliberais, enquanto em sete anos do Lula o número de empregados com carteira assinada já chega a 12 milhões, devendo chegar aos 14 milhões ao final deste ano.

A inclusão de 30 milhões de pobres à classe média é um fato inédito em nossa história e que tanto Dilma quanto Ciro podem dizer que participaram deste projeto e que os tucanos além de desempregarem causaram uma tremenda estagnação econômica. Ambos vão dizer também que os tucanos achataram o salário enquanto o presidente Lula deu aumento real do salário mínimo de 53%. Enfim ambos vão dizer que o demotucanato é sinônimo de exclusão social.

O temor de Ciro na presidência é ele levar o neoliberal Tasso Jereissati para o seu ministério, e isto ele já declarou à imprensa cearense. Jereissati é arquiinimigo do governo Lula e representa o que há de mais atrasado em nosso estado, sendo no Brasil um dos representantes do imperialismo norte-americano juntamente com o Coisa Ruim.

O eleitorado cearense representa quatro por cento do eleitorado nacional e pode ser decisivo para eleger a candidata do presidente Lula. Na Assembléia Legislativa do Ceará, os deputados tucanos disseram que apóiam o Ciro. E se apóiam o Ciro, o Serra não terá palanque no Ceará, e isto é bom para Dilma Rousseff. Ciro pode ser a garantia de segundo turno.

Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE

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