Homenagens do Dia do Trabalhador começou nesta sexta em Goiânia

Sessão especial reuniu cinco centrais sindicais que cobraram apoio pela aprovação de emenda constitucional que reduzirá a jornada de trabalho.

Habituada a reverenciar intelectuais e membros ilustres da sociedade, a Câmara Municipal de Goiânia mudou a história e homenageou os trabalhadores da cidade. A sessão especial ocorreu na véspera do Dia Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras, comemorado em todo o mundo no dia 1 de maio. O evento reuniu cinco centrais sindicais, que cobraram união e apoio pela redução da jornada de trabalho.

Durante a sessão especial foram entregues 46 placas aos homenageados, cada um indicado pelo próprio sindicato da categoria que faz parte. Representantes de diferentes segmentos de trabalhadores, como da construção civil, da polícia, indústria têxtil e hoteleira, professores e farmacêuticos foram agraciados. Para o proponente do evento, vereador Fábio Tokarski (PCdoB), foi uma maneira de dar voz à classe trabalhadora.

Redução da jornada

Os discursos proferidos durante a sessão especial tiveram um ponto em comum: a cobrança pela aprovação da emenda constitucional que estabelece a redução da jornada de trabalho. As centrais sindicais lutam para diminuir a carga horária semanal de 44h para 40h. O projeto de lei tramita no Congresso Nacional e os sindicalistas pressionam pela votação ainda no primeiro semestre deste ano.

A carga horária semanal de trabalho já é reduzida em vários países do mundo, como a Alemanha e Argentina, por exemplo, cuja jornada é de 38 horas. No Canadá é de 31 horas. No entanto, ainda encontra resistência do patronato brasileiro. “Existe um lobby muito forte dos empresários, que não querem abrir mão. Considero falta de sensibilidade da parte deles”, disse o representante da Força Sindical, Aloisio Silva de Aguiar.

Para a presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB – GO), Ailma Maria, não haverá perdas para o empresariado. “O Governo Federal tem sinalizado para compensação aos patrões na forma de redução da carga tributária. Nós estamos abertos a discutir, mas as empresas recusam”, disse.

De acordo com informações da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o valor gasto com salários pelas empresas equivale a apenas 22% do custo da mercadoria. Para o vereador Fábio Tokarski (PCdoB), este dado é revelador, pois mostra a viabilidade da redução da jornada de trabalho sem perda salarial.



Qualidade de vida

A redução da jornada de trabalho criará cerca de dois milhões de novos postos de trabalho no Brasil. Mas os ganhos da mudança não se restringem ao aspecto econômico. Com mais tempo para os estudos e para a família, os trabalhadores ganharão qualidade de vida. “A jornada atual sobrecarrega e adoece o trabalhador”, disse a presidente da CTB –GO, Ailma Maria.

Por sua vez, o empresariado terá a disposição trabalhadores descansados e mais qualificados para o desempenho de suas funções, o que reflete na produção das mercadorias. “Estamos em um momento decisivo e temos que pressionar os parlamentares goianos, porque esta medida gera empregos, oportunidades de qualificação e aumenta o tempo do trabalhador com a família”, afirmou a presidente da Central Única dos Trabalhadores em Goiás (CUT Goiás), Bia de Lima.

O vereador Fábio Tokarski (PCdoB) argumentou que não há razão para manter a carga horária de trabalho no patamar atual. “Desde que a jornada diminuiu de 48h para 44h, a partir da Constituição Federal de 1988, a produtividade aumentou consideravelmente com a revolução tecnológica, a automação e a robotização. Os trabalhadores mais descansados e motivados farão a produtividade crescer ainda mais”, disse.

O parlamentar também destacou que os sindicatos devem compreender melhor a economia para ter a dimensão das riquezas do Brasil. “Vivemos em um país rico, porém desigual. Goiás segue esta lógica. Tem o Produto Interno Bruto (PIB) maior que a média nacional e a 24° Pior média de remuneração, e não tem como haver desenvolvimento com baixos salários”, afirmou.

Qualificação

Outra luta para as centrais sindicais deve centrar na busca por mais qualificação profissional, é o que defende a superintendente da Secretaria de Cidadania e Trabalho do Estado de Goiás, Odessa Arruda. “Os patrões buscam um perfil ideal que muitas vezes não existe e isto gera desemprego. Para resolver este entrave, tem de investir na formação de profissionais e em políticas de primeiro emprego. O fato da carteira não estar assinada por seis meses não faz da pessoa um profissional ruim”.

Já a desembargadora do Trabalho, Elza Cândida, convidou as centrais sindicais para brigar por melhores condições laborais. De acordo com a juíza, a incidência de acidentes e lesões por esforço repetitivo é recorrente. “Os empresários não valorizam trabalhadores machucados, sendo que muitas vezes os problemas ocorrem no exercício da função”.

Fonte: Alfredo Mergulhão (www.fabiotokarski.com.br)