Homenagem a operários mortos marca 1º de Maio em Rio Grande

O líder do PCdoB na Assembleia Legislativa, deputado Raul Carrion, participou das comemorações do 1º de maio em Rio Grande, nesta sexta-feira (30), marcado pelas homenagens à operária Angelina Gonçalves, morta durante passeata em Rio Grande há 50 anos.

riograndeangelina - câmara de rio grande

A tecelã Angelina Gonçalves, militante comunista que liderava as primeiras fileiras da passeata em Rio Grande e carregava a bandeira do Brasil, foi morta durante confronto com a Brigada Militar. Além dela, foram homenageados outros três manifestantes mortos no confronto: o pedreiro Euclides Pinto, o portuário Honório Alves de Couto e o ferroviário Osvaldino Correa.

Durante sessão solene na Câmara de Rio Grande, Carrion entregou a Medalha da 52ª Legislatura da Assembleia Legislativa à única filha de Angelina, Shirley, que tinha 10 anos na época e estava com a mãe no incidente.

“Em uma demonstração de sua barbárie repressiva, a elite dominante de então assassinou quatro lideranças operárias – o pedreiro Euclides Pinto, o portuário Honório Alves de Couto, o ferroviário Osvaldino Correia e a operária tecelã  Angelina Gonçalves. Essa última, morta com um tiro no ouvido, abraçada à bandeira do Brasil e ao lado de sua filha Shirley, então com 10 anos”, lembrou Carrion.

História
No dia 1º de maio de 1950, em Rio Grande, foi realizado um churrasco de comemoração ao Dia do Trabalhador no local conhecido como Cassino dos Pobres, hoje Parque do Trabalhador. Lá encontravam-se trabalhadores dos diversos seguimentos laborais da época como: operários da indústria têxtil, portuários, trabalhadores da indústria da alimentação dentre outros.

Um grande número de trabalhadores após a apresentação de bandas musicais e vários discursos de oradores se dirigiu em caminhada para a sede da Sociedade União Operária, que se encontrava fechada pelo Governo. Os jornais da época falaram em 10 pessoas, quem participou relatou entre 400 e mil pessoas. O certo é que eram famílias inteiras. Mas o Departamento da Ordem Política e Social (DOPS) interceptou a multidão.

Em meio às discussões, iniciou-se um tiroteio. O resultado foi a morte com um tiro a queima roupa na cabeça da tecelã Angelina Gonçalves, que acabara de tomar de volta a bandeira brasileira que os policiais tinham retirado de outro manifestante. Outros três trabalhadores, o pedreiro Euclides Pinto, o ferroviário Osvaldino Correa e o portuário Honório Alves de Couto também são mortos a tiros. No confronto também morreu o soldado da Brigada Militar Francisco Reis.

Várias pessoas foram feridas: o vereador e estivador Antônio Rechia, ficou paralítico com um tiro na coluna, o operário Oswaldino Borges D’avila, e o também operário Amabílio dos Santos, precisaram ser hospitalizados. Muitos trabalhadores não foram aos hospitais para cuidar seus ferimentos para que não fossem presos.

No dia seguinte às mortes, houve uma grande comoção da população que acompanhou o enterro dos operários com as golas levantadas simbolizando o apoio da população aos mártires e suas causas. Os jornais da época registram que o cortejo contou com a participação de mais de cinco mil pessoas.

Símbolo

Angelina  tornou-se um símbolo para as mulheres e para os defensores da liberdade e dos direitos dos trabalhadores. Nascida em 1913, Angelina já aos nove anos começou a trabalhar como operária na empresa Reinghantz. Líder reconhecida das tecelãs, filiou-se ao Partido Comunista do Brasil em 1934, logo destacando-se por sua combatividade. “Assassinada aos 37 anos, sobrevive até os dias de hoje nos sonhos de transformação de todos aqueles que acreditam que um outro mundo – mais democrático, mais justo e mais fraterno – é possível", disse Carrion emocionado durante a cerimônia.

“Certamente, as vitórias que hoje colhe o povo brasileiro – conquistando a Presidência da República para um líder operário e dando passos iniciais, mas firmes, em direção a uma nova sociedade – são fruto da luta de tantas Angelinas, Osvaldinos, Honórios, Euclides e Rechias, que dedicaram suas vidas à luta pelas transformações sociais”, finalizou o deputado.

Isabela Soares