Marcha da maconha coloca 2 mil em BH e abre o debate

No ultimo sábado o centro de Belo Horizonte foi parado por mais uma manifestação. Desta vez o ato não pedia mais empregos ou levantava questões sociais. Centenas de pessoas na sua grande maioria jovens foram às ruas pela legalização da maconha no Brasil.

- Portal Uai

Em um brutal ato contra a democracia a marcha é proibida em vários estados pela justiça e foi liberada em Minas pela juíza Neusa Maria Guido.

A praça da estação foi o lugar escolhido pelo movimento para a concentração do evento. Pouco a pouco a marcha foi tomando corpo. Cartazes e faixas feitas à mão, dezenas de palavras de ordem provocativas e irreverentes além de ausência completa de direção.O movimento é auto gestionado e consegue resultados impressionantes.Mesmo sem carro de som ou qualquer estrutura o ato percorreu a cidade em uma organização impecável,coesa e muito animada.

Para o estudante de administração, Frederico Carvalho a legalização é coisa séria “A maioria das pessoas que estão aqui são estudantes ou jovens trabalhadores, isso mostra que a bandeira da legalização não é mais só papo de “doidão” temos um fundamento e somos pessoas de bem. Queremos ser respeitados pelas nossas opções e não sermos mais tratados na marginalidade “afirma.

Os defensores da legalização apontam como grande inimigo a hipocrisia da sociedade e a força de setores conservadores “Vivemos em um país onde o alcoolismo é um grave problema social, porem existe um forte interesse econômico que faz os governantes taparem o olho para essas drogas que matam milhões. Mais do que isso é uma interferência nas liberdades individuais das pessoas. Se o Brasil quer se modernizar perante o mundo, deveria legalizar a cannabis, seria um gesto de compromisso com a liberdade”aponta Bruno Mascarenhas, estudante de jornalismo e apoiador da marcha.

“O inimigo não somos nós”
O movimento aponta cinco motivos pela legalização da maconha* e luta para se afirmar como um novo ator dos movimentos sociais brasileiros. Além da tradicional irreverência, que mobiliza centenas de jovens, a causa passa a ser defendida por pessoas que compreendem a necessidade do debate se tornar mais sério. “Legalize! Não banalize. É esse o lema da marcha em 2010. Temos que apresentar nossa luta para toda a sociedade e se queremos isso não podemos fazer um movimento que se banalize. Nossas questões são sérias. Você imagina quanto a policia gasta de tempo, dinheiro e efetivo só pra prender maconheiro? Enquanto isso o ladrão está solto. O inimigo não somos nós. As toneladas apreendidas, as milhares de prisões de usuários demonstram que é grande o numero de usuários de maconha no Brasil. Se vivemos em uma democracia essas pessoas também devem ter seus pensamentos e atos respeitados e garantidos por lei”apontou Bruno Motta que se apresenta como um dos organizadores da marcha em Minas.

No mesmo momento da passeata Belo Horizonte recebia o 1º Simpósio Sul Americano de Políticas sobre Drogas, evento onde se debateu a ineficácia dos planos de combate as drogas e apontou experiências alternativas para a questão.

Não pode virar fumaça
Washington Augusto tem 58 anos e é um veterano na luta pela legalização no Brasil. Para ele a legalização é um processo que acontecerá com a evolução do pensamento e a quebra de paradigmas. “Não tem cem anos que as mulheres votam no Brasil e se hoje isso acontece é por que a política se modernizou, novos pensamentos vieram à tona. Precisamos conter o avanço do conservadorismo, só com uma política mais moderna e humana as liberdades serão amplamente respeitadas, eu sonho em ver o Brasil aprovar essa lei, esse movimento tem que se fortalecer não pode virara fumaça” disse.

Mais que polêmico o debate da legalização é uma necessidade para um país que busca avançar sua posição progressista. Analisar sem hipocrisia e preconceito a situação da droga no Brasil é o dever de todas as pessoas comprometidas com a saúde publica e as liberdades do povo.

De Belo Horizonte,
Pedro Leão

Cinco Motivos em defesa da Legalização da Maconha*

1 – Redução do tráfico de drogas e da violência associada a ele.Através do auto cultivo e com a regulamentação do governo o tráfico perderá milhões que seriam investidos em atividades criminosas e o estado poupará milhões.

2- O dinheiro publico proveniente de impostos sobre a maconha poderia ser usado em áreas como educação e saúde.

3- A policia e a justiça poderiam economizar recursos públicos e concentrar seus esforços no combate a crimes relevantes. 90% dos detentos nos presídios brasileiros por razões ligadas à droga são pequenos traficantes

4- A maconha é um recurso renovável que pode ser usado como matéria-prima para produção de papel, tecidos, alimentos e biodiesel. Além de ter potencial para o tratamento de doenças como Glaucoma, mal de Alzheimer, esclerose múltipla, stress, insônia e muitas outras.

5– A proibição é baseada em conservadorismo, mentiras e desinformações.

*(Movimento Marcha da Maconha)

Para saber mais acesse :
 http://marchadamaconha.org  

Vídeo da Marcha da maconha em Belo Horizonte :
 http://www.youtube.com/watch?v=qVcIr_npbYU