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Parlamentares elogiam negociação e condenam política de ‘invasão’

“O acordo aponta para o caminho das soluções negociadas entras as nações contra as soluções impostas por aqueles que imaginam ter capacidade de determinar os rumos de cada país”. Assim avalia o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), membro da Comissão de Relações Internacionais da Câmara, o acordo anunciado entre Brasil-Irã-Turquia. O resultado do acordo foi elogiado por outros parlamentares, que também destacaram o papel do Brasil na condução do acordo.

Pelo acordo, o Irã entregará 1.200 quilos de urânio à Turquia e receberá 120 quilos do produto enriquecido com monitoramento de organismos internacionais.

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), membro da Comissão de Relações Exteriores no Senado, destaca que “um interlocutor como Brasil, que não tem interesse hegemônicos e de imposição da sua posição, facilita o diálogo, diferente de potências hegemônicas que sempre que dialogam com essa região do mundo tentam tirar proveito econômico muito forte.”

O Senador fez críticas à mídia hegemônica brasileira que tentou desconstruir o papel que o Brasil teria nas negociações, mas está sendo obrigada a aceitar e se conformar com o que foi recepcionado pelo mundo inteiro e a mídia internacional como grande feito.

Para ele, o Brasil defendeu posição com firmeza e coragem, de que o Irã tem direito a desenvolver tecnologia, ter conhecimento e usar de forma pacífica, porque essa é a posição do Brasil, de aproveitamento da energia nuclear para seu desenvolvimento e progresso.

O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) também criticou a posição da mídia brasileira na cobertura do assunto. Em discurso no plenário da Casa, nesta segunda-feira (17), ele denunciou a matéria publicada no jornal Folha de São Paulo, que desmerece o acordo negociado entre os três países e atribui aos Estados Unidos o poder de aceitar ou não o acordo.

Sem restrições

Sem querer fazer projeções, o deputado Aldo Rebelo diz que devemos no situar “nesse episódio e conquista”, mas ainda assim admite que “o acordo sinaliza que o direito ao acesso a tecnologia do átomo não pode ficar restrito a apenas um grupo de nações.”

Sobre o papel do Brasil como mediador nas negociações, Aldo Rebelo acredita que “o Brasil tinha por obrigação a escolha do papel de mediador, uma vez que é também detentor de um programa nuclear pacífico e civil, mas que causa desconforto aos meios internacionais que não desejam o desenvolvimento da indústria nuclear em países que possam concorrer em um mercado tão restrito.”

Para Inácio Arruda, “mais na frente, com mais força e musculatura, o Brasil poderá dizer que países não pertencentes ao TNP (Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares), como Estados Unidos e Israel, não deveriam opinar sobre o assunto.”

Negociação, sim; invasão, não

A deputada Janete Rocha Pietá (PT-SP), também da Comissão de Relações Exteriores, avalia que o anúncio do acordo mostra o acerto da política externa do Presidente Lula e principalmente o acerto dessa política Sul-Sul. Para ela, o acordo mediado pelo Brasil é diferente do que ocorreu com os Estados Unidos no Iraque. “É preciso avançar na política de negociação e não na política imperialista de invasão”, alerta a parlamentar.

Outro que faz uma avaliação semelhante é o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), ex-secretário de Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia: "O acordo entre Irã e Turquia, do qual o Brasil foi o mediador, é uma importante vitória da lógica do diálogo. O Brasil, por intermédio do presidente Lula e do ministro Celso Amorim, lançou mão do maior tesouro da política: a negociação com vistas ao entendimento. Os primeiros resultados começaram a aparecer; é preciso insistir nesse caminho, o da diplomacia, não o da força, até a construção de uma solução definitiva".

Exemplo do Brasil

O deputado Marcondes Gadelha (PSB-PB), também membro da Comissão de Relações Exteriores, afirma que o acordo foi um “passo importante, inclusive para dirimir suspeita sobre a natureza do programa nuclear do Irã.” Ele disse ainda que tinha certeza de que presidente Lula conduziria o acordo para o uso da energia nuclear para fins pacíficos.

“O Brasil está limitado, por força da própria constituição, de utilizar a energia nuclear para construção de armas nucleares, portanto tem exemplaridade de exigir de outras nações que a energia nuclear seja sempre usado para fins pacíficos como elemento estrito”, afirma o parlamentar.

De Brasília
Márcia Xavier