Cidade de São Paulo está despreparada para combater a dengue

Agentes de combate à dengue estão sem uniformes, com protetor solar vencido, sem botas, trabalhando a pé e com risco de terem seus contratos revogados pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.

A cidade de São Paulo soma mais de 2 mil casos de dengue, tendo outros 1212 aguardando análise. Em 2007, a cidade registrou mais de 2.624 casos, sendo considerado o maior surto da metrópole.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Coordenação de Vigilância em Saúde recebeu hoje (18), o agente de zoonose Jaime Loza que denunciou o descaso da Secretaria Municipal de Saúde com o combate à dengue.

Sem carros e uniformes

A última vez que os agentes receberam uniformes novos foi há três anos. Segundo Jaime, “é muito difícil à população deixar os agentes realizarem a vistoria preventiva à dengue quando a equipe está sem uniforme”.

Sem carros, os agentes chegam andar 4 km a pé, sem ter ponto de apoio ou como carregar seus equipamentos. “Hoje as caixas de água não estão sendo fiscalizadas por não ter como transportar as escadas”, afirmou Jaime.

Sem carros para trabalhar, a Covisa através da Portaria 2106/09, alterou o posto de trabalho dos agentes da Supervisão de Vigilância em Saúde para as Unidades Básicas de Saúde, que deveriam ser apenas pontos de apoio.

A Secretaria Municipal de Saúde, entre junho de 2007 e março de 2009, alugou peruas da empresa Transbraçal que recebeu nesse período mais de 46 milhões de reais. A empresa ficou em segundo lugar no processo de licitação, mas mesmo assim foi contratada para a locação da frota, em uma ação clara de banalização dos contratos de urgência e emergência, autorizada em casos de epidemias ou surtos.

“Nós vereadores temos a obrigação de combater a dengue na cidade de São Paulo e saber porque os recursos da Covisa estão congelados,” ressaltou o vereador Jamil Murad.

“Quero contribuir com uma corrente para que o povo de São Paulo não morra de dengue. Está faltando tudo: uniformes, botas, protetor solar, carros e equipamentos para o combate à dengue”, agregou Jamil.

O contrato de locação de carros da Covisa está sob júdice no Tribunal de Contas da União.


Déficit de agentes e contratos revogados

Há mais de um ano os agentes de zoonose travam intensa luta para garantir a estabilidade do quadro de funcionários contratados em 2001 e a renovação dos contratados de 2007.

Os trabalhadores contam com o apoio dos vereadores membros da Comissão de Saúde, que em março deste ano deram o parecer de constitucionalidade do Projeto de Lei 058/10, mantendo os contratos em caráter emergencial.

“Hoje nós temos um déficit de mais de 1000 agentes de combate à endemias na cidade de São Paulo. Se garantirmos a permanência dos trabalhadores contratados em 2001 e 2007, teremos um quadro suficiente,” afirmou Jaime Loza.

O PL também foi aprovado por unanimidade na Câmara Municipal de São Paulo.

Fonte: Gabinete do Vereador Jamil Murad