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Dilma defende reforma tributária em encontro com empresários

A reforma tributária foi defendida pela candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, no "Encontro da Indústria com os Presidenciáveis", realizado nesta terça-feira (25), na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. "Assumo o compromisso porque é a reforma das reformas", afirmou Dilma.

Eleições 2010 - Ag. Brasil

Na abertura do evento, que reuniu também os candidatos José Serra, do PSDB, e Marina Silva, do PV, o presidente da CNI, deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), defendeu o setor industrial como um dos protagonistas da agenda de crescimento do País. “A indústria deve estar no centro da estratégia de crescimento do País”, disse ele, acrescentando que "com mais indústria, o Brasil crescerá mais e melhor."

Marina Silva, logo no começo de sua fala, destacou que o setor industrial é importante para economia, mas que não está isolado dos desafios maiores do Brasil. "O setor está legitimamente preocupado com o crescimento da indústria, mas vamos ter que pensar um crescimento como parte da estratégia de desenvolvimento", analisou, queixando-se do Brasil estar vivendo um “apagão” de recursos humanos.

O tucano José Serra disse, em defesa dos empresários, que se eleito fará "uma proposta eliminando o PIS e o Cofins do saneamento", referindo-se ao Programa de Integração Social e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. E, a exemplo do encontro com os prefeitos, também transformou sua apresentação em críticas ao Governo Lula, do qual Dilma foi uma das principais auxiliares, e auto-elogios como Governador de São Paulo e Ministro da Saúde no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

"Conseguimos (em São Paulo) enfrentar cada uma das questões colocadas no âmbito nacional. Triplicamos a taxa de investimentos ao mesmo tempo em que melhoramos a relação dívida-receita. Conseguimos melhorar a situação financeira triplicando investimentos, sem criar nenhum novo imposto", afirmou Serra.

País rico

Alternando palavras de queixas e sucessos, Monteiro Neto destacou que o Brasil está em posição desvantajosa em relação a seus concorrentes, em função de problemas como valorização cambial e alta carga tributária. Ao mesmo tempo, disse que "estamos em um momento marcado por forte otimismo empresarial. A nossa geração conseguiu romper o ciclo de altos e baixos da economia", afirmou.

Ele apresentou números que fazem parte do levantamento elaborado pela CNI e que foi distribuído com os convidados, como a estimativa de que a renda per capita brasileira pode dobrar em 15 anos e a de que o País poderá sustentar um crescimento de 5,5% ao ano e entrar para a lista dos países ricos do mundo.

Situação caótica

Ao defender a reforma tributária, a candidata do PT disse que, ao mesmo tempo que assegura a melhoria da competitividade, ela permite que o Brasil dê um salto de crescimento. "Sem ela, é difícil assegurar um crescimento sustentável", afirmou. Ela avalia que "a situação tributária no Brasil é caótica. Onera a todos: empresa e governo."

Dilma defendeu, junto com a reforma tributária, outras medidas para o setor industrial, como desoneração fiscal, estímulo ao investimento, aumento da exportação e do emprego.

A pré-candidata também mostrou-se favorável a outro tema que vem sendo solicitado por empresários, que é a desoneração da folha de salários. "Isso é fundamental. Em determinado momento, o Tesouro terá de arcar com a diferença, porque se não quebra a Previdência, mas bens de capital e investimento, exportação e folha de salários são essenciais", disse.

Manutenção das políticas

Dilma fez a defesa da manutenção das políticas econômicas, citando o tripé formado por metas fiscal e de inflação, além de câmbio flutuante. "Todas as três políticas terão de ser mantidas para assegurar a estabilidade", argumentou. Em relação à política monetária, ela disse que a taxa real de juro passou de um intervalo de 15% a 20% ao ano no passado para um patamar entre 5% e 6% atualmente. "É alta ainda, sem dúvida, mas demonstra trajetória de queda sustentada", comentou ela.

Sobre o câmbio flutuante, a pré-candidata destacou que a política pôde ser mantida porque foi dirigida ao lado da acumulação de reservas internacionais. "Acumular US$250 bilhões é irmão siamês de política de câmbio flutuante", disse.

A pré-candidata do PT defendeu a criação de um ministério voltado a micro, pequenas e médias empresas. "Sou a favor de ter um ministério específico. Dará robustez ao tecido econômico e social brasileiro", afirmou ela. Atualmente, há 37 ministérios no governo. Dilma relatou que essa hipótese já foi cogitada durante o governo atual, mas que a crise financeira internacional adiou a execução do projeto.

Elã defendeu, como quer o empresariado, o corte de gastos do governo, mas de forma racional. "Não é cortar gastos de custeio, mas gastos de custeio que não são racionais para o País e seu investimento", disse. A pré-candidata citou como exemplo a defasagem de salários entre funcionários do Executivo e os que fiscalizam o Executivo.

De Brasília
Com agências