Greve estadual da educação está suspensa, mas luta continua

Artigo da jornalista Sheila Cristina,assessora do PCdoB na Assembléia Legislativa de Minas Gerais.A jornalista analisa a histórica greve dos servidores da educação.O movimento já é considerado a mobilização mais vitoriosa de oposição ao governo do PSDB em Minas.

- Sheila Moreno

Após 47 dias de greve, considera pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação – SindUte a maior greve da história da categoria em Minas, os trabalhadores da rede estadual de educação voltaram as salas nessa quinta-feira. Depois de muitas negativas por parte do governo, finalmente a Secretaria de Educação resolveu se abrir ao diálogo e aceitar algumas reivindicações da categoria. Porém, a maior luta, que é a instituição do piso nacional ainda não foi acordado. O termo assinado pelo Sindicato e Secretaria, após assembleia desta terça-feira (25/05) definiu que não haverá corte de ponto dos dias parados e a greve não contará como ponto negativo na avaliação de desempenho.

Quanto ao piso, uma comissão montada por ambas as partes estão estudando as possibilidades de se chegar ao valor nacional, que é de R$ 1.312,85. Esse estudo deverá ser apresentado a ALMG até o dia 30 desse mês como Projeto de Lei.

Porém o questionamento que ainda não foi respondido por Anastasia é o por quê que esse governo insiste em não pagar o piso usando desculpas inaceitáveis e ainda tentando desmoralizar o movimento político e legítimo da categoria, fazendo ameaças aos trabalhadores, ao invés de abrir diálogo e negociação? A resposta é muito simples. Estamos vivendo um governo controlador, que não valoriza seu servidor, que burla as leis, que investe em obras faraônicas em detrimento a qualidade de vida do seu povo.

Enquanto a mídia mostra através de caras propagandas uma cidade maravilhosa e uma educação perfeita, a realidade vivida dentro dos muros das escola é uma bem oposta. Trabalhadores ganhando salário de fome, sendo expostos a riscos, sofrendo assédio moral. Isso, atores e atrizes globais não mostram na TV. Após essa greve, a educação em Minas está sendo enxergada com outros olhos. A categoria conseguiu quebrar o bloqueio da mídia e mostrar a realidade de trabalhadores com anos de serviços prestados chegando a ganhar menos de um salário mínimo. Pessoas que educam, que ensinam e que ajudam a formar nossos filhos.

Desde janeiro, quando o piso nacional foi instaurado, o ministro da educação, Fernando Haddad já havia afirmado que todos os Estados têm condição de pagar o valor estabelecido. Recursos não faltam, foi o que afirmou o Ministro. O que falta é estabelecer prioridades. O governo tem afirmado que a greve é um movimento político e tem tentado dividir a categoria e colocar a população contra os professores além de ter tentando a judicialização do conflito, o que mostra uma incapacidade do governo de lidar com a divergência e com a resistência.

Haddad afirmou que o aporte de recursos da União para o Fundef, durante os dez anos de vigência, foi de R$ 500 milhões por ano. Este ano, é de R$ 7 bilhões. Quer dizer, qual é o valor que tem que ser aportado para que seja possível pagar o piso, então? Se multiplicar por 14 o aporte da União não foi ainda suficiente, qual é esse valor? Por 14, não é por 2, por 3. Ou seja, em Minas o governo não paga o piso por que não quer. Tudo é uma questão de prioridade. É óbvio que na mentalidade desse governo burocrático entregar obras, praças, viadutos, isso e aquilo é que é importante, mas a valorização do professor não é vista como uma coisa que rende dividendos políticos imediatamente. Porque isso vai impactar a qualidade da educação em cinco, dez, vinte anos.

Em Minas, a prioridade é escolhida por maior garantia de votos. Perto de um investimento que garante voto de 'ene' cidadãos, na comparação, o professor perde em relação o rendimento de dividendos políticos. É por isso que a educação tem que ser uma política de Estado. Não pode ser decisão de um indivíduo, de um governador, que tem olhar para a educação contra um que não tem. Tem que ser uma decisão do país. O Brasil perdeu um século, todo o século 20 sem investir em educação. Felizmente, o governo Lula está mudando essa realidade e começando a investir. O orçamento do MEC saltou de R$ 20 bilhões para R$ 50 bilhões e isso está permitindo apoiar estados e municípios. A maior parcela desses recursos está indo para estados e municípios. O Reuni é R$ 2, 5 bilhões desses R$ 30 bilhões adicionais.
Em Minas ainda transparece a defesa de um Estado totalitário que tenta controlar a posição ideológica dos cidadãos. Porém essa luta histórica do sindicato está mostrando que a união das classes favorecem uma melhor qualidade de vida de todo um povo. O acordo feito entre estado e sindicato, acordo esse exigido pela categoria que fosse feito por escrito, vem mostrar que a educação deve ser uma política de estado e apartidária. A luta precisa continuar e Minas deve ser realmente para todos os mineiros.

Sheila Cristina
Jornalista – MTB 12.742