Sem categoria

Diário do Povo: O papel estabilizador da China na Ásia Central

Depois de um período de calma após os distúrbios de abril, a violência explodiu novamente nas ruas do Quirguistão, com um saldo de centenas de mortos nas primeiras semanas de junho.

Durante a onda de terror que submergiu o país vizinho, a embaixada da China agiu com rapidez, organizando voos fretados para trazer de volta para casa empresários, estudantes e representantes do governo chinês que ficaram isolados no fogo cruzado.

A China deveria valer-se da Organização para a Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês) para tentar estabilizar a situação e colocar um pouco de ordem no país destruído pelos conflitos.

Como potência regional, com um notável nível de influência na área, a China não pode limitar seu papel somente a evacuar cidadãos chineses e oferecer ajuda humanitária.

A violência em Osh, segunda maior cidade do país, não dá sinais de amainar. Até agora, o fluxo de refugiados que cruzam as fronteiras meridionais do país não encontrou nenhum refúgiou seguro para ficar.

O cenário de conflito sangrento não está muito distante da China, pois com uma hora de avião se percorre a distância até Urumqi, capital da Região Autônoma Uigur do Xinjiang da China, no noroeste do país.

A China deve procurar que o conflito étnico entre uzbeques e quirguizes não ultrapasse os limites da fronteira compartilhada e penetre o território chinês. Uma crise no estilo dos Bálcãs seria um pesadelo para a China.

Por seu lado, Rússia e Estados Unidos acompanham com atenção os cada vez mais intensos conflitos.

O vice-secretário de Estado dos EUA, Philip Crowley, já deixou claro que Washington "apoia" os esforços coordenados pela ONU e para Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE) para facilitar a paz e a ordem.

Embora Moscou tenha rechaçado o pedido do governo do Quirguistão de enviar tropas pacificadoras, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva, na qual a Rússia desempenha um papel determinante, prevê o envio de tropas para acalmar a violência em um país em conflito.

Tanto a Rússia como os Estados Unidos têm bases militares no Quirguistão, onde o número de efetivos acantonados ultrapassa qualquer simbolismo.

Como membro fundador da SCO, que também inclui o Quirguistão, outros quatro países centroasiáticos e a Rússia, a China pode oferecer a ajuda necessária por intermédio dessa organização regional. Tal ajuda pode incluir consultas aos outros membros da SCO, envio de ajuda humanitária e a adoção de medidas para restaurar a ordem e a normalidade.

Uma convocatória aos ministros de Relações Exteriores dos países vizinhos não só destaca como uma opção viável, mas que poderia ser um primeiro passo, como sinal de que a China não está disposta a cruzar os braços enquanto ao seu redor vem abaixo.

Uma Ásia Central estável é interesse da China. Carente de ligações históricas e de capacidade de influenciar a política das nações na região, a China se mostrou bastante distante.

Mas com a proliferação de vínculos de cooperação econômica, chegou a hora de analizar temas como até que ponto a China deve permanecer sobre o muro e o que resultaria melhor para assegurar a paz e a estabilidade na Ásia Central.

Fonte: Diário do Povo Online, via Observatório da Política Chinesa