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Joel Batista: os metalúrgicos da CTB e a fundação da FIT Metal

O dia 1º de junho de 2010 reservou dois marcos para o sindicalismo brasileiro. Foi a data em que 30 mil sindicalistas, de mais de 5 mil entidades, se reuniram no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, na 2ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat).Também na capital paulista, apenas horas depois da contundente e vitoriosa conferência, o movimento sindical viu nascer uma promissora entidade — a Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (FIT Metal).

Por Joel Batista*

O congresso de fundação da FIT Metal, realizado no auditório do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, é uma demonstração da força e da unidade da federação. A atividade reuniu cerca de 300 lideranças metalúrgicas de oito estados — Amazonas, Maranhão, Pernambuco, Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Ao ser fundada, a FIT Metal já representava sindicatos de duas centrais classistas — a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil) —, além de entidades sindicais independentes. Seu desafio é fortalecer a unidade e a luta dos metalúrgicos no Brasil — uma base com mais de 350 mil trabalhadores.

A decisão ousada de fundar a federação amadureceu nos últimos três meses — mas o trabalho coletivo que foi feito para chegar até aqui remonta a 2007. O início das conversações para construir um instrumento nacional dos metalúrgicos classistas começou com um conjunto de sindicalistas da antiga CSC (Corrente Sindical Classista), que atuava no interior da CUT. Em dezembro de 2007, essa tendência foi uma das fundadoras da CTB, deixando formalmente de existir e incorporando-se à nova central, plural e democrática.

Os sindicatos metalúrgicos com hegemonia classista foram, então, desfiliando-se da CUT para aderir à CTB. Ao tomar essa decisão, a categoria ficou sem condições de atuar na CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos) — que, estatutariamente, só representava entidades sindicais metalúrgicas filiadas à CUT. Uma das alternativas propostas — a atuação conjunta CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) da Força Sindical — também não avançou.

20 reuniões

A partir de janeiro de 2008, metalúrgicos de SP, MG, RJ, RS, BA, MA, PE e AM formaram uma coordenação nacional e passaram a se reunir com frequência, para discutir assuntos como política, mobilizações e campanhas salariais. Também debatiam a necessidade de se criar um instrumento que organizasse os companheiros nacionalmente — e que servisse para expressar suas opiniões nas batalhas políticas e sindicais, nos fóruns onde se discute a situação da classe trabalhadora no Brasil e no mundo.

Era necessário fundar, enfim, uma entidade que pudesse ser o elo na unidade e na luta de classes de todos os metalúrgicos do país. A realidade de atuação de cada sindicato nos estados é bastante diferenciada e varia muito de caso a caso. Por isso, a criação desse instrumento de lutas foi discutida com todos, pondo as propostas para o debate, mas sem impor nada. Ao todo, foram 20 reuniões dessa coordenação.

Foi também muito feliz a convergência com os companheiros metalúrgicos da CGTB, que tinham as mesmas preocupações que os metalúrgicos cetebistas. A decisiva participação da CGTB, ao lado da CTB, só veio a fortalecer a coordenação nacional nos últimos meses

Foi dessa forma — e depois de muitas rodadas de discussão nos estados — que os metalúrgicos da CTB e da CGTB chegaram, consensualmente, à conclusão de que deveriam fundar a FIT Metal Brasil, entidade independente, que poderá agregar sindicatos filiados a qualquer central. A opção de criar uma federação interestadual — e não uma confederação — se baseou na necessidade de não travar concorrências. Em vez disso, a FIL Metal nasceu para defender a unidade na ação com todo o ramo metalúrgico do país, que é carro chefe na economia nacional.

Agora somos todos FIT Metal!

* Joel Batista é membro da executiva nacional da FIT Metal