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Brizola Neto: Quando Serra perdeu em 2002, o emprego ganhou

Durante muitos anos o Brasil foi o país do biscate, da “viração”, do jeitinho, do “arrumar algum”. O emprego com carteira assinada passou a ser um sonho tão grande que até virou bandeira de campanha eleitoral – você se lembra que a velha carteirinha azul, criada por Vargas, virou até mesmo peça de campanha de Serra em 2002? Como Serra perdeu, a carteira assinada ganhou.

por Brizola Neto, em seu blog Tijolaço

Em 2010, pela primeira vez, o total de trabalhadores com carteira assinada superou 50% – 51,1%, para ser exato – da mão de obra ocupada nas seis maiores regiões metropolitanas do país, segundo revela uma pesquisa de emprego e desemprego do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), e que é mostrada na edição de hoje do Valor Econômico.

Durante o Governo Fernando Henrique, na Grande São Paulo, o número de empregos com carteira assinada não apenas não subiu como teve uma pequena queda: passou de 3.137 mil para 3.130 mil, sete mil carteiras assinadas a menos. Subiu foi o trabalho informal; de 775 mil para 1,09 milhão.
E no período Lula? O número de carteiras assinadas na região metropolitana de São paulo subiu para 4,607 milhão – 1,5 milhão de carteiras assinadas a mais. Os “biscates”, tiveram até uma pequena queda: de 1,09 para 1,075 milhão.

Para o economista Sérgio Mendonça, do Dieese, a aceleração do crescimento é a principal explicação para o avanço da formalização. De 2004 a 2008, o país cresceu a uma média de 4,8% ao ano. Em 2009, a economia encolheu 0,2%, mas já retomou um ritmo forte de expansão, devendo avançar mais 7% este ano. Há outros fatores que ajudaram o emprego formal, lembra o economista do Dieese. Um deles foi a aprovação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, que entrou em vigor em julho de 2007, já no segundo mandato do presidente Lula. Conhecida como Supersimples, a lei acabou barateando a contratação com carteira para empresas de menor porte.

Se não houver mudança nas metas de crescimento traçadas no governo Lula, com a eleição de Dilma, o trabalho informal virará algo residual, restrito às atividades e situações onde ele é, por natureza, o regime natural de emprego. A regra, para a generalidade dos trabalhadores, será aquele documento que, para as elites, é arcaico e “custo Brasil”, mas que para a população significa direitos, descanso, segurança, vida.

Fonte: Tijolaço