Chico Lopes: "Honestidade não é uma bandeira política"

Na reta final da campanha, o deputado federal Chico Lopes fala sobre a expectativa para as eleições deste domingo e destaca: “Minha reeleição está nas mãos do povo. Quero comemorar com cada cearense uma grande vitória este domingo”. Confira entrevista com Chico Lopes – o federal do povo, orgulho do Ceará

Campanha Chico Lopes

Com 71 anos de idade, três mandatos de vereador de Fortaleza, dois de deputado estadual, um de deputado federal, enfim, uma vida de dedicação à militância popular, qual a sua avaliação dessa campanha? Qual a mensagem para o eleitor nesta reta final?

Esta semana é decisiva para quem ainda não escolheu seu voto para deputado estadual e deputado federal. A gente anda pelas ruas e recebe grandes manifestações de apoio por parte das pessoas. É emocionante! Eu me sinto muito honrado, muito gratificado, sempre que alguém nos diz que vota com a gente. Muitos fazem questão de cumprimentar e dizer que estão com a gente, desde a nossa primeira eleição para vereador. A maior característica das nossas campanhas é o nosso relacionamento com o povo. O apoio popular vem se consolidando anos seguidos com o respeito mútuo. Agradeço o apoio de cada um, e quero mais uma vez pedir o voto dessas pessoas, para poder continuar nosso trabalho em Brasília, pelo Ceará, durante o governo Dilma. Mas, nas caminhadas, nas atividades de campanha, a gente ainda vê que muitas pessoas ainda têm dúvida em quem vão votar. Essas pessoas vão fazer a diferença nessas eleições. Quem acredita no Chico Lopes como seu deputado federal pode e deve ajudar a campanha, conquistando o voto desses que hoje estão indecisos.

Como o senhor se sente, estando nas ruas, pedindo votos, abraçando as pessoas, sendo recebido em cada bairro de Fortaleza, em várias cidades do Interior?

A eleição é uma festa democrática, em que nós temos a oportunidade de ouvir o povo, coisa que costumamos fazer ao longo de todos os nossos mandatos, mas as pessoas fazem questão de se manifestar ainda mais nesse período.A emoção é muito forte, toma conta mesmo. Pra mim, isso é muito positivo. Tenho percebido as pessoas mais felizes, mais tranqüilas, mas com muito entusiasmo pra participar. É um reflexo, eu acredito, do avanço das políticas públicas no governo Lula. É uma grande alegria estar perto do povo, conversando com as pessoas nas ruas, trocando opiniões, recebendo sugestões importantes para as ações do nosso mandato. Os jovens, por exemplo, estão mais envolvidos com nossas propostas. Creio que isto seja reflexo de nossa atuação voltada à defesa da meia cultural, da meia passagem macrorregional, e por estarmos sempre discutindo temas ligados à educação.

Enquanto muitos candidatos contam com recursos expressivos no período eleitoral, a sua campanha é muito marcada pelo contato com o povo…

Mesmo sem os mesmos recursos de outras campanhas para deputado federal, observo que nossa marca está difundida em todo o Estado. O povo cearense vem reconhecendo nosso trabalho, e hoje vemos diversas manifestações de apoio ao nosso projeto. Um cenário positivo, que deve ser creditado a todo um processo, com planejamento e execução bem feitos. Há uma valorosa equipe que trabalha comigo. Eu estou na ponta, trago certa experiência, mas me mantenho sempre afinado com este grupo de pessoas que batalha junto comigo

E quanto à eleição presidencial, qual a sua avaliação?

Muitos avaliaram, a princípio, que Dilma seria uma presa fácil para o Serra. Muitos analistas, cientistas políticos, alguns setores da imprensa disseram isso no começo. Que o sucessor que é feito pelo gestor do poder só teria transferência de 20% dos votos. Mas o presidente Lula desmistificou essa afirmação, conseguindo, ao que tudo indica, abrir um bom caminho para que, pela primeira vez, uma mulher se torne presidente do Brasil. Graças à forma conciliadora de atuar do Presidente Lula, o Brasil está avançando, e com Dilma terá tudo para continuar nesse caminho. Ainda há muito o que melhorar. O processo democrático está em curso e acredito que nos próximos 10 ou 15 anos nosso país dará saltos ainda maiores. A ordem é avançar.

Qual sua análise da campanha para o Senado?

Vejo com muita alegria que o Ceará tem tudo para eleger dois senadores de apoio ao Governo Lula, levando ao Senado Eunício e Pimentel, para trabalharem ao lado de Inácio Arruda, ajudando a presidente Dilma a dar continuidade e a ampliar as conquistas do governo Lula. Enquanto isso, Tasso, que aparentava ter uma reeleição tranqüila, hoje tem sua hegemonia quebrada, independente do resultado dessa disputa para o Senado. Hoje ele está no limite. As perspectivas da oposição são complicadas, em termos de eleição de bancada federal. Ele não tem mais hegemonia, porque um novo ciclo na política cearense está se confirmando, de centro à esquerda, e aí vai se formando uma nova gestão, uma nova maneira de administrar as coisas públicas.

Uma novidade dessas eleições foi o debate em torno da ideia de “candidatos ficha limpa”. Como o senhor avalia esse processo?

Para mim – e para nós, do PCdoB –, honestidade não é uma bandeira política. É uma característica básica, inerente à própria democracia. É preciso estar atento para que o discurso de cobrar candidatos “ficha limpa” não acabe, de algum modo, sendo utilizado para fortalecer os setores mais conservadores. Honestidade é dever, e não motivo para nenhum candidato bater no peito, se vendendo como honesto. É preciso ser honesto, mas não só: também competente, consciente politicamente, atuante, comprometido com o povo. É por isso que receber tantos votos do povo do Ceará, como tenho recebido, é uma grande honra. Porque mostra que as pessoas não só nos identificam pela honestidade, mas também que acreditam na nossa luta. Isso me dá uma alegria muito grande e muita coragem pra seguir em frente, buscando o melhor pro Ceará e pro Brasil.

De Fortaleza,
Carolina Campos e Dalwton Moura (com a colaboração de Átila Bezerra)